Mobilização aconteceu nesta terça-feira (12) em Vitória da Conquista, reunindo bancárias e bancários para denunciar a política de cortes e fechamento de unidades adotada pelo Bradesco.
Na manhã desta terça-feira (12), as bancárias e os bancários do Bradesco se reuniram em frente à agência Centro, em Vitória da Conquista, para participar do Dia Nacional de Luta dos Funcionários do Bradesco. A manifestação, teve como objetivo denunciar as demissões em massa e o fechamento de agências e postos de atendimento promovidos pela instituição.
O ato chamou a atenção da população para o fato de que, apenas no primeiro semestre de 2025, o Bradesco obteve R$ 11,931 bilhões de lucro, um crescimento de 33,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar do resultado expressivo, o banco foi responsável por 75% dos desligamentos realizados na base do Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região (SEEB/VCR) neste ano.
Durante a mobilização, dirigentes sindicais alertaram sobre os impactos da redução drástica de funcionários, que sobrecarrega os trabalhadores remanescentes e prejudica o atendimento aos clientes. Na região, o Sindicato já registrou 56 Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs) relacionadas ao Bradesco somente em 2025, número que representa 82% dos casos.
Além das demissões, o fechamento de unidades também foi destaque. No último ano, o Bradesco encerrou 342 agências e mais de mil postos de atendimento no Brasil. Na região de Vitória da Conquista, agências em Anagé, Bom Jesus da Serra, Nova Canaã, Potiraguá, Rio de Contas, Tanhaçu e Tremedal já foram fechadas. Também já foi anunciado o encerramento das unidades em Contendas do Sincorá, Ibicuí, Macarani, Maetinga, Maiquinique e Ribeirão do Largo.
Sarah Sodré, vice-presidente do SEEB/VCR e funcionária do Bradesco, destacou a gravidade da situação: Desde que o Bradesco anunciou sua reestruturação, no início do ano, o banco vem demitindo, em média, sete funcionários por dia. O Sindicato está extremamente preocupado com os rumos desse processo. Já há duas agências com fechamento programado — em Barra do Choça e Planalto — e não sabemos para onde a população dessas regiões será direcionada. Essas pessoas precisarão se deslocar quilômetros para ter atendimento presencial, o que é inaceitável. Também nos preocupam as condições de trabalho: desde o anúncio da reestruturação, o número de trabalhadores adoecidos aumentou de forma significativa. Além disso, seguimos denunciando as demissões arbitrárias. O papel do Sindicato é defender os trabalhadores, cuidar da população e lutar para reverter os efeitos nefastos dessa reestruturação.”
Giovania Souto, diretora de saúde do SEEB/VCR, alertou para o impacto do processo na saúde dos bancários: “O fechamento de postos de trabalho e a redução do quadro de funcionários vêm agravando o adoecimento dos bancários. O Bradesco é o banco que mais registra casos de adoecimento na região. Agora, com o fechamento de agências e demissões em massa, esse problema só piora. Quem fica sofre com angústia, mal-estar e ansiedade, o que agrava ainda mais o quadro, principalmente na saúde mental. A síndrome de burnout já atinge um número alarmante de trabalhadores, e a situação só tende a piorar.”
Rone Von, diretor e funcionário da agência Centro, falou sobre o impacto no dia a dia dos trabalhadores: “Nós, funcionários da agência, que vivemos o dia a dia da movimentação, estamos com uma preocupação enorme pela sobrecarga que os colegas vêm enfrentando. Quando fecham três ou quatro agências, a nossa acaba acolhendo não só os funcionários, mas também todos os clientes dessas unidades — o que torna a carga de trabalho simplesmente desumana. Além da rotina já pesada, ainda tem a pressão absurda por metas, o que desgasta emocionalmente o pessoal. Assim, muitos chegam ao trabalho já esgotados — e, claro, quem sofre é o atendimento ao cliente. Por isso, reforçamos a importância de unir forças: funcionários, clientes e sindicato juntos, buscando recursos e fazendo valer nossa voz para sermos compreendidos e, principalmente, respeitados no ambiente de trabalho.”
Carlos Chagas, diretor de cultura e formação do SEEB/VCR, finalizou reafirmando o compromisso da categoria: “Estamos aqui nesta manhã realizando essa manifestação no Bradesco porque, como dirigentes sindicais, recebemos diariamente as demandas dos colegas que enfrentam pressão no trabalho, medo de demissões e uma cobrança psicológica enorme para produzir cada vez mais só para manter o emprego. Hoje, estamos aqui não só para defender os direitos dos trabalhadores, mas também para proteger os clientes, que chegam à agência buscando um atendimento de qualidade e acabam prejudicados pela falta de pessoal para atendê-los. Por isso, estamos firmes nessa manifestação, dando voz a quem sofre e exigindo respeito para todos.”