No início do mês, aconteceu em São Paulo o Encontro Nacional de Bancos Privados. Na oportunidade os funcionários do Santander, no espaço exclusivo para debater as questões específicas da instituição, avaliaram que a redução de postos de trabalho, de salários e de direitos tem sido inversamente proporcional ao aumento da intensidade do trabalho, da pressão pelo cumprimento de metas e dos casos de doenças entre os funcionários e a partir disso construíram um plano de luta para este ano.
O evento centralizou o debate nos ataques aos direitos trabalhistas e as mudanças no mercado de trabalho por conta das novas tecnologias. A economista Catia Uehara, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sociais (Dieese), trouxe dados de lucratividade do Santander e as condições de trabalho às quais os trabalhadores serão submetidos com as mudanças que já estão acontecendo por conta do uso de tecnologias.
No primeiro trimestre de 2017, o banco lucrou R$2,28 bilhões, produzindo um crescimento de 37,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Paralelo a isso, a empresa continua demitindo, só de março de 2016 a março de 2017, foram eliminados 3.245 postos de trabalho, 327 só nos primeiros três meses deste ano. Em Vitória da Conquista, três bancárias foram demitidas sem justificativa, mesmo asseguradas por atestados médicos do próprio banco e após retorno de licença maternidade.
A troca de postos de trabalho por tecnologias já tem sido uma realidade nas relações de trabalho dos funcionários do Santander, a exemplo da terceirização de alguns serviços, os grupos de gerenciamento de contas digitais por meio de call centers e até mesmo bancários que passam a trabalhar em suas próprias casas. No encontro, a presidenta da Uni-Finanças Mundial, Rita Belorfa, apresentou as novas tecnologias capazes de armazenar informações e realizar tarefas, Watson e Amelia, que se propõem a substituir as relações humanas no banco.
Estes debates apontam que os prejuízos da reforma trabalhista e previdenciária, que ainda estão sendo discutidas, e a lei da Terceirização traçam um cenário já preocupante para os trabalhadores das instituições financeiras. A partir disso, o grupo aprovou em seu plano de luta um primeiro passo para mobilização contra o avanço desses pacotes de maldade e retrocessos do governo e a luta pela retomada da democracia, pautando a construção da Greve Geral no dia 30. Assim como também ficou definida a realização de reuniões locais para esclarecer os principais impactos de tais reformas.
As questões específicas levantadas no encontro serão encaminhadas para o Comitê de Relações Trabalhistas – CRT, e o relatório com o plano de luta será enviado para Contraf e COE Santander.
“O momento do encontro específico para funcionários do Santander a todo momento realizou links da realidade bancária com a conjuntura política do país. No entanto, também tratamos da questão do plano de saúde, que tem preocupado a todos, no geral todos estão fazendo queixas e aqui na Bahia tivemos uma grande rejeição a mudança do Saúde Bradesco para o Sulamérica. A partir disso encaminhamos que aqui no estado realizaremos um dia de luta para denunciar essa questão”, ressalta Wolney Soares, diretor do SEEB/VCR.
As irresponsabilidades do Santander no mundo
O Grupo Santander, que tem sede na Espanha, atua em dez mercados na Europa e Américas. O Brasil é onde o grupo consegue obter sua maior lucratividade, marcando sua forte presença na America Latina. Em seu país sede, ex-diretores de altos cargos estão sendo investigados por lavagem de dinheiro. Em Porto Rico, o banco tem sido responsável pelo aumento da desigualdade social, desemprego e pobreza, onde Carlos Garcia, ex-diretor, foi responsável por construir um modelo degradado de capitalização de juros da dívida pública que beneficia diretamente o banco que possui títulos da dívida do país. Já nos Estados Unidos, os trabalhadores estão sendo assediados por práticas antissindicais que impedem a organização dos mesmos.