Papéis da estatal têm forte queda com troca no comando da petroleira e temores de intervenção do governo na política de preços de combustíveis. Eletrobras e Banco do Brasil também desabam.
A bolsa de valores brasileira, a B3, opera em forte queda nesta segunda-feira (22), após o presidente Jair Bolsonaro ter anunciado na noite de sexta-feira a indicação de um novo presidente-executivo para a Petrobras e com agentes financeiros enxergando aumento relevante de risco político no país, principalmente de ingerência governamental em estatais.
Às 10h56, o Ibovespa caía 5,23%, a 112.236 pontos, pressionado pelo tombo nas ações da Petrobras, que têm peso de 10,27 no índice. Veja mais cotações.
Perto do mesmo horário, as ações ordinárias (PETR3) tinham queda de 18,63%, a R$ 22,015, e as preferenciais (PETR4) tinham baixa de 17,86%, a R$ 22,45.
Na sexta-feira, a Petrobras já tinha perdido em um único dia R$ 28 bilhões em valor de mercado, segundo dados da Economatica.
Os papéis da Eletrobras e do Banco do Brasil também eram negociados em forte queda, com uma desvalorização perto de 10%.
Na sexta-feira, o Ibovespa fechou em queda de 0,64%, a 118.420 pontos, acumulando baixa de 0,84% na semana. Na parcial do mês até sexta, o índice acumulou avanço de 2,92%. No ano, a queda estava em 0,49%.
Cenário
As atenções dos investidores se voltam para a mudança no comando da Petrobras e temores de intervenção do governo federal na política de preços de combustíveis e na gestão de estatais.
Na noite de sexta-feira, Bolsonaro anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna, atual diretor da Itaipu Binacional, para a presidência da Petrobras, no lugar de Roberto Castello Branco, gerando muitas críticas. Para que a troca na presidência da Petrobras seja concretizada, a indicação ainda precisa do aval do Conselho de Administração da Petrobras, que tem reunião prevista para esta terça-feira (23).
No sábado, Bolsonaro disse que precisa “trocar as peças que porventura não estejam funcionando”. E que, “na semana que vem, teremos mais”, sem dar mais detalhes. Bolsonaro também disse no sábado que vai “meter o dedo na energia elétrica”, e que, “se a imprensa está preocupada com a troca de ontem, na semana que vem teremos mais”, destaca a Reuters.
A decisão e Bolsonaro de trocar o comando da Petrobras repercutiu negativamente entre investidores, com vários analistas cortando a recomendação dos papéis, bem como reduzindo preços-alvo.
A XP Investimentos, por exemplo, cortou a recomendação para os papéis da Petrobras de “neutro” para “venda” no domingo, em relatório sob o título “Não há mais como defender”. O preço-alvo para as ações da Petrobras foi revisado de R$ 32 para R$ 24.
“As declarações recentes do presidente acendem um enorme sinal amarelo – senão vermelho ao cenário político local”, afirmou o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, em comunicado a clientes.
Na cena doméstica, os investidores continuam de olho também nas discussões em torno de mais gastos com auxílio emergencial para a população vulnerável, em meio às preocupações com a saúde das contas públicas e rompimento do teto de gastos – considerado a âncora fiscal do país neste momento.
Pesquisa Focus do Banco Central divulgada nesta segunda mostrou que os analistas do mercado elevaram a estimativa de inflação em 2021 para 3,82%, acima da meta central, que é de 3,75%. A expectativa para a taxa Selic no fim de 2020 subiu de 3,75% para 4% ao ano. Já a projeção para a alta do PIB (Produto Interno Bruto) de 2021 foi reduzida de 3,43% para 3,29%.
‘Medida de caráter altamente populista’, diz ex-secretário sobre mudanças na Petrobras
Variação do Ibovespa em 2021 — Foto: G1 Economia
Fonte: G1