Segundo reportagem, banco informa que pretende contratar outros mil até final do ano. Fenae e CEE/Caixa reforçam que déficit do quadro de pessoal se aproximada de 20 mil empregados, comprometendo condições de trabalho e atendimento à população
A Caixa Econômica Federal informou que o banco vai convocar 566 aprovados em 2014 para o cargo de técnico bancário, pela ordem do cadastro de reserva. Até o final do ano, a empresa diz que pretende contratar outros mil. A notícia foi destacada nesta quarta-feira (3) pelo blog Papo de Concurseiro do Correio Braziliense.
Segundo a reportagem, a convocação terá início neste mês “e visa o fortalecimento da estrutura da rede de atendimento”, com foco no Norte e no Nordeste. Semana passada, a direção do banco anunciou que pretende instalar, nestas duas regiões, mais de 50 das 75 agências que serão abertas nos próximos três meses. As novas unidades serão estruturadas em municípios com mais de 40 mil habitantes e direcionadas ao agronegócio.
Na última sexta-feira (29), a Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa (Fenae) alertou que a estatal anunciou a abertura de centenas de agências; mas, não apontou solução para o déficit de aproximadamente 20 mil bancários. “A abertura de agências é um fato positivo. Mas, como será a operacionalização destas unidades?”, questionou o diretor de Formação da Fenae, Jair Pedro Ferreira. “Além de piorar as condições de trabalho, a falta de bancários prejudica o atendimento à população; principalmente, neste contexto de pandemia”, reforçou.
Na reportagem do Correio Braziliense, o presidente da empresa, Pedro Guimarães, diz que “além de reforçar o time de atendimento, o banco fomenta a economia, gerando emprego e renda a centenas de famílias”. A Fenae observa que a recomposição do quadro de pessoal da Caixa, que provou ser essencial ao país no atendimento a 120 milhões de brasileiros nesta pandemia, é uma reivindicação histórica.
O banco público chegou a ter 101,5 mil trabalhadores em 2014 e atualmente conta com 84,2 mil empregados. Apesar disso, a direção da Caixa trabalha com a estimativa de desligamento de mais 7,2 mil trabalhadores por meio de Programa de Desligamento Voluntário. Com a saída de 2,3 mil empregados no último PDV, em dezembro, o atual déficit é de 19,6 mil bancários, colocando em risco real a capacidade e a qualidade da assistência à sociedade.
“Não fosse o empenho dos trabalhadores da Caixa para o pagamento do auxílio emergencial e de outros tantos benefícios sociais, 120 milhões de brasileiros não teriam conseguido sobreviver nesta crise econômica sem precedentes”, ressalta o presidente da Fenae, Sergio Takemoto.
Promessa — No Acordo Coletivo de Trabalho 2014/2015, a direção da empresa — por força de decisão judicial — se comprometeu a realizar duas mil contratações.
Trezentos concursados (de 2014) foram convocados em maio do ano passado para atuarem no Norte e no Nordeste. Contudo, o número está longe de ser o ideal, segundo apontam a Fenae e outras entidades representativas da categoria. Estima-se que dos mais de 30 mil aprovados no último concurso, menos de 10% foram chamados.
Em defesa de mais contratações, a Fenae e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf/CUT) iniciaram um trabalho de coleta de adesões a um abaixo-assinado, cujo objetivo é reivindicar a recomposição do quadro de empregados da Caixa, reduzido ano a ano. A iniciativa foi adotada com o entendimento de que, sem investimentos, o banco público é submetido à precarização das condições de trabalho, o que reflete no adoecimento dos empregados e na qualidade do atendimento à população.
Cobrança — Nesta segunda-feira (1º), a Contraf/CUT, por meio da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa), enviou ofício à direção da Caixa cobrando a contratação de mais trabalhadores. A coordenadora da CEE/Caixa e secretária da Cultura da Contraf, Fabiana Uehara, lembra que o movimento sindical sempre defendeu o aumento do quadro de pessoal, inclusive na última mesa de negociação permanente, realizada em 3 de dezembro.
“Temos um déficit de mais de 19 mil postos de trabalho. Isso, somado às condições precárias de trabalho e às metas desumanas, faz com que a maioria dos empregados esteja esgotada e adoecida”, ressalta. “Com mais contratações, com certeza a situação melhoraria. Mas, reforçamos que a convocação de aproximadamente 500 funcionários diante da abertura de 75 novas agências é muito pouco perto da necessidade”, avalia Uehara.
Fonte: Fenae