Pouco falamos sobre a questão do suicídio dentro do ambiente de trabalho bancário. A última pesquisa mais ampla sobre o assunto, feita pelo pesquisador da UNB Marcelo Finazzi e utilizando dados do Ministério da Saúde de 1995 à 2005, divulgou que, a cada 20 dias, um bancário se suicidou no Brasil. A pesquisa destacou a mudança na rotina do trabalho, onde os bancos deixaram de lucrar prioritariamente a partir da inflação e passaram a lucrar através das metas cobradas para seus trabalhadores.
No Brasil, são 12 mil suicídios por ano, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria, citados no portal do Conselho Regional de Medicina/MS – uma média de um morto por suicídio a cada 45 minutos. Estudos indicam que essas mortes estão relacionadas a questões familiares, mas têm como principal destaque as relações econômicas e sociais, principalmente quando considerado o mundo do trabalho.
No Japão, em 2017, quando o negociado passou a prevalecer pelo legislado, aumentaram os números de suicídios ligados a doenças mentais provocadas pelo excesso e estresse no trabalho. Já no Chile, após a Reforma da Previdência, o índice de suicídio entre a terceira idade passou a ser o mais alto já visto no país.
Atualmente vivemos um momento de acirramento para a classe trabalhadora, em que a retirada de direitos e o desemprego crescente são um grande pesadelo.
Com a reforma trabalhista, uma grande parcela de trabalhadores foi demitida e passou a ocupar postos de trabalho mais precarizados. E não tem sido diferente para a categoria bancária, que nos últimos anos perdeu mais 40 mil vagas de emprego e tem vivenciado uma intensificação da cobrança de metas.
Isso precisa ser considerado, sendo a categoria bancária a que mais adoece no Brasil e, entre as principais enfermidades estão as doenças musculares, ósseas e mental. Em 2017, um levantamento entre funcionários do Banco do Brasil nas redes sociais contabilizou que 64 bancários haviam se suicidado.
A campanha Setembro Amarelo, idealizada pela Associação Internacional para Prevenção do Suicídio, foi iniciada no Brasil há quatro anos pelo Centro de Valorização da Vida, Conselho Federal de Medicina e Associação Brasileira de Psiquiatria, com objetivo de prevenir suicídio e alertar a população a respeito dos cuidados com a saúde emocional.
“É extremamente preocupante o aumento de adoecimento mental entre nossa categoria. O número de bancárias e bancários dependentes de medicação, com quadros de depressão e ansiedade, é cada vez maior. O Setembro Amarelo é importante para percebemos que não podemos tratar as questões mentais como tabu. Assim como reconhecemos os demais adoecimentos, é necessário reconhecer esse também. Nós do Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região nos colocamos a disposição para auxiliar todas e todos os colegas que precisem de ajuda”, destaca Giovania Souto, diretora Assuntos de Saúde e Qualidade de Vida do Trabalhador.