O Comando Nacional dos Bancários propôs à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) a mudança do caráter do Censo da Diversidade Bancária. “A ideia é que o censo não apenas traga uma fotografia da realidade do setor, mas se torne uma ferramenta de formação e de mudança da cultura discriminatória que ainda persiste no sistema financeiro e na sociedade brasileira”, explicou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
“Com a mudança do caráter do Censo, podemos contribuir com a capacitação da categoria e possibilitar que cada bancário se torne agente da diversidade, do respeito e da igualdade em toda a sociedade, inclusive nos locais de trabalho”, ressaltou Juvandia depois de ter apresentado uma série de dados sobre a discriminação e a violência contra as mulheres, negros, pessoas com deficiência (PCDs) e LGBTs.
A secretária de Políticas Sociais da Contraf-CUT, Rosalina Amorim, ressaltou a importância do Censo da Diversidade, mas também reforçou a necessidade da realização de outras ações que levem à transformação da realidade apresentada pela presidenta da Contraf-CUT.
“Vai ser um avanço construirmos uma cartilha em conjunto para transmiti-las à toda a categoria. Com as informações em mãos, cada bancário terá melhores condições de combater a discriminação”, disse Rosalina.
A Fenaban aceitou a proposta e apresentará um cronograma de atividades para sua implantação na próxima reunião da mesa de igualdade de oportunidades, que está prevista para acontecer no dia 10 de abril.
Canal de atendimento às mulheres
Além da mudança no caráter do Censo da Diversidade, o Comando Nacional dos Bancários propôs a criação pela Fenaban de um canal de atendimento às bancárias vítimas de violência, seja doméstica ou as ocorridas em outros ambientes sociais, inclusive no trabalho.
“Para combater a violência contra as mulheres, é importante a criação de um canal de atendimento às bancárias vítimas para acolhê-las e orientá-las e dar assistência jurídica, psicológica e de acompanhamento específico para estes casos”, disse a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis.
Para Juvandia, a criação de um canal de atendimento às mulheres vítimas de violência pode contribuir para a melhoria do desempenho no trabalho. “Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará mostra que a violência doméstica gera uma perda de R$ 1 bilhão por ano ao mercado de trabalho. O estudo diz que, em média, as vítimas precisam se ausentar 18 dias do trabalho após sofrer a violência”, disse a presidenta da Contraf-CUT. “A criação deste canal pode ajudar a minorar o sofrimento das mulheres”, completou.
Para Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e também coordenadora do Comando Nacional da categoria, é preciso também atender demandas reais de quem trabalha no dia a dia das agências.
“Diariamente estamos em todos os bancos, cobrando o fim das demissões, da pressão por metas e do assédio que adoecem, exigindo condições dignas na rotina de trabalho”, ressaltou Ivone. “Com o aumento da violência contra a mulher, é fundamental a criação de um canal de atendimento às bancárias para dar a proteção e o respeito que precisam, além de manter o respeito no ambiente de trabalho”.
A Fenaban levará a proposta para os bancos analisarem e trará uma resposta na próxima reunião da mesa de negociações.
Fonte: Contraf