Ruy Medeiros – advogado, historiador e professor da Uesb.
Eu entendo que os trabalhadores estão condenados a lutarem. Lutar sempre. Da mesma maneira que nós estamos condenados à liberdade, temos a luta como uma coisa que nos é vital. (…) Vi aqui uma coisa muito importante, que foi a questão da divergência de pensamento e da pluralidade de perspectiva de análise, ou na palavra de Paulo Barrocas, a participação das diversas formulações e pensamentos do Sindicato. Isso me anima. Me parece que além destas questões das lutas imediatas, das conquistas que podem ser obtidas ou daquilo que a gente não permita que pode ser retirado, muito além disso, nós devemos pensar estrategicamente o Sindicato e o papel do Sindicato. (…) Para uma série de atividades da luta econômica e da luta pela conservação de direitos e da luta por condições sociais e de trabalho, o sindicato desempenha o seu papel. Mas, à medida da luta do Sindicato é o seu próprio limite.
Emanoel Souza – presidente da FEEB Ba-Se
Neste momento vão surgir muitos “não”. Não ao fechamento dos ministérios, não à reforma e outros. É importante que eles surjam. Esse processo vai criar movimentação e já está criando, todos os dias estão estourando mobilizações pelo país. No entanto, nós precisamos apontar um rumo, porque cada um mobilizando para um canto não vai haver resultado. (…)O caminho é parar o golpe, em defesa da democracia, assim como também é preciso que a gente coloque uma bandeira adiante. Na Frente Brasil Popular estamos discutindo a mobilização para o plebiscito de consulta popular sobre a antecipação das eleições gerais. Isso dá um norte para essas milhões de manifestações que teremos nos próximos dias. (…)Precisamos também reafirmar a necessidade de fortalecer a unidade na luta, o que não significa que estaremos na luta para defender o governo Dilma, estaremos em luta para defender a democracia. Nós temos que ganhar as mentes, ganhar o debate na sociedade, convencer o conjunto dos nossos colegas. Temos que unificar tudo isso, colocar um rumo até construir a greve geral e derrubar. Esse que é o caminho que acredito que podemos viabilizar.
Manoel “Mané Gabeira” Rosa – diretor-executivo da Intersindical.
Nós trabalhadores precisamos acumular mais sobre a luta. Por quê? Esta crise mostrou que não há mais conciliação. Quem achava que dava para repassar uma parte para o banqueiro, uma parte para o empresário e uma parte ao trabalhador, percebeu que não tem como. (…)Neste momento terá que haver enfrentamento na defesa dos nossos direitos. O contexto aponta que nós só seremos eficientes se conseguirmos unificar e ampliar todas as frentes. (…)Precisamos trabalhar nossas alianças, unificar e ampliar em cima de questões concretas e resistir aos ataques. É necessário construir o debate com os trabalhadores porque nós teremos uma mídia nos descaracterizando e nos discriminando, tentando inclusive nos prender criminalmente. Temos que preparar a resistência porque vai ser um enfrentamento muito duro. E não podemos achar que este é um país de Cunhas, esse país é um país de lutadores históricos!
Juliana Donato – representante dos bancários no Caref
Fazendo uma leitura, a queda do governo Dilma atestou a falência do projeto de colaboração de classe do PT. (…)Para construir uma mobilização a partir daqui, nós precisamos apresentar uma alternativa diferente, precisamos de um projeto de governo verdadeiramente dos trabalhadores, que governe sem os patrões, sem os empresários, diferente do que fez o PT. (…) Enquanto nós da esquerda não conseguirmos apresentar esse projeto que se diferencie do que foram esses últimos 13 anos do PT, quem vai conseguir ganhar a mente da classe trabalhadora é a direita. (…)Então é nosso dever também apresentar uma alternativa para disputar com a direita. Nós temos como desafio aqui uma ampla unidade para resistir todos os ataques deste governo, mas não pode ser uma unidade para exigir a volta do governo Dilma. (…) Neste momento precisamos de uma unidade para lutar contra as medidas do governo e discutir a possibilidade de eleições gerais no Brasil com novas regras.