Taxa de transmissão do novo coronavírus, chamada de Rt, aumentou pela primeira vez em 57 dias e passou de 1 em todas as regiões do país
Com a tendência de alta de casos de Covid-19, cresceu a procura por leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) para pacientes graves em oito capitais e no Distrito Federal. Nessas cidades, o nível de ocupação já passa de 90%. Em Brasília, a taxa de leitos ocupados chega a 95%.
Outros 17 estados têm ocupação de 80% ou mais em seus leitos de UTI para Covid-19, segundo novo Boletim do Observatório Covid-19 da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado na noite desta quarta-feira (26). Especialistas alertam que uma terceira onda de Covid-19 pode ser devastadora no Brasil.
A taxa de transmissão, chamada de (Rt), da Covid-19 aumentou pela primeira vez em 57 dias, passou de 1 em todas as regiões do país, segundo dados da plataforma Info Tracker, da Unesp e da USP. Quando a taxa de Rt está maior do que 1, significa que cada doente pode infectar mais do que uma outra pessoa. Para evitar uma terceira onda, a taxa precisa ficar abaixo de 1.
As cidades do Rio de Janeiro, Curitiba, Recife, São Luís, Natal, Maceió, Aracaju, Campo Grande e Palmas são as capitais com o cenário mais preocupante.
Uma nova onda de casos da doença já havia sido alertada especialistas que previam para o final do mês de junho ou início de julho. Segundo o epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Pedro Hallal, durante entrevista à GloboNews, uma nova onda da pandemia está chegando antes do esperado.
“Essa 3ª onda está vindo antes do esperado, pelo menos na minha percepção. Eu achei que ela começaria com um pouco mais de força no final de junho, começo de julho, ela está vindo com um mês de antecedência”, disse.
Uma terceira onda no Brasil é extremamente preocupante porque já parte de um patamar muito alto. O país está com mais de 2 mil mortes diárias, e segundo o especialista, não tem como fazer uma previsão otimista.
“E infelizmente essa 3ª onda tem a tendência de ser mais grave ainda do que as anteriores, especialmente se nós não conseguirmos controlar a disseminação dessa variante indiana”.
Segundo o epidemiologista, testes feitos com as vacinas disponíveis no país mostram que os imunizantes são eficazes contra a cepa indiana.
Sem lockdwon, Brasil fica no abre e fecha
Em várias regiões do país, prefeitos e governadores flexibilizaram as medidas de restrição nos últimos dois meses. Em algumas delas, a reabertura forçada por setores da economia foi mantida mesmo com a nova alta na demanda por leitos. Ao contrário do que pensam os empresários e os bolsolnaristas, em países onde o lockdown foi mais longo e rigoroso, a pandemia foi controlada e a economia voltou a aquecer.
O Rio de Janeiro, mesmo com a abertura de mais de cem leitos de UTIs públicas na última semana, a cidade registrou nesta segunda-feira (24) uma taxa de ocupação de 93% dos leitos, com seis pessoas na espera por transferência. Já o estado do Rio registra o índice de 83%, patamar que se mantém desde o fim de abril.
O cenário é preocupante em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Não há mais UTIs disponíveis para Covid-19. Com a alta demanda, vagas foram improvisadas. A fila duplicou em uma semana e conta com 142 pessoas.
Em São Paulo, o governo João Doria (PSDB) recuou na flexibilização das regras de isolamento social e prorrogou nesta quarta-feira (26) a fase de transição do Plano São Paulo até o dia 14 de junho. Os indicadores da pandemia em São Paulo mostram um crescimento de casos do novo coronavírus. Com isso, permanecerá permitido aos estabelecimentos o funcionamento apenas até as 21h, com lotação máxima de 40%.
A fila de espera quadruplicou em um mês e atualmente tem 155 pacientes em Curitiba aguardando leitos de UTI. A taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid está em 95% na capital paranaense, mesmo índice registrado em todo o Paraná. Já são quase 500 pessoas aguardando vagas de terapia intensiva no estado.
Números da pandemia
Nesta quarta-feira (26), o Brasil registrou 2.399 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando nesta quarta-feira (26) 454.623 óbitos desde o início da pandemia.
Em casos confirmados, desde o começo da pandemia 16.275.440 brasileiros já tiveram ou têm o novo coronavírus, com 79.459 desses confirmados no último dia.
A média móvel de casos de Covid-19 vem aumentando desde o fim de abril. Nesta semana, o número está em cerca de 65 mil infectados por dia, e os dados vêm apontando tendência de crescimento desde o início de maio.
Fonte: CUT