Em 27 de junho de 2011, o bancário e dirigente sindical, Leandro Neres, foi brutalmente assassinado em sua casa. Desde o acontecimento do crime, em uma tentativa de não permitir que este caso se tornasse apenas mais uma estatística, o Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região se fez presente no acompanhamento do processo, que segue sem um desfecho de punição aos envolvidos.
Funcionário do Bradesco desde 1976, Leandro iniciou sua militância sindical em 1986 a partir do Movimento de Consciência Bancária. Fez parte de nove gestões do SEEB/VCR, na maioria das vezes esteve ligado à Diretoria de Esporte e Lazer, e deixou como legado para o movimento a necessidade de cada vez mais integrar os bancários à entidade por meio da filiação. No entanto, sua atuação não se limitou apenas ao Sindicato, era um ativista do Movimento Familiar Cristão de Santa Luzia e foi também líder comunitário a partir da Associação de Moradores da Urbis V. Com esse histórico de luta, a morte de Leandro deixou todos abalados e em busca de uma resposta para um crime que envolveu tanta violência.
As investigações da polícia apontaram dois suspeitos do crime e a denúncia contra os dois foi aceita pelo Ministério Público que deu início ao processo. Hoje, quase seis anos após o acontecimento, apenas um dos acusados responde judicialmente. Ele foi preso em Diadema, não pelo crime cometido em Vitória da Conquista, mas pela acusação de outro homicídio ocorrido em 2010, na cidade de Mogi das Cruzes.
A partir disso, o caso Leandro Neres caminhou para a realização de uma audiência de instrução com a finalidade de ouvir o acusado e as testemunhas. Porém, o defensor público que cuidava do processo colocou como impedimento a ausência do acusado. Diante disso foi solicitado à Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do Estado da Bahia que fosse realizada a transferência, no entanto, nenhum esforço foi feito pelo Estado, nem mesmo para solicitar que fosse coletado o seu depoimento no local onde estava apreendido. Por estar preso há quatro anos sem ser julgado, recentemente o juiz emitiu um alvará de soltura para o acusado.
O promotor que acompanha o caso, José Junseira, aponta outras falhas do processo: “A Polícia não deveria ter concluído o caso. Deveria ter tentado pedir a prisão deles para investigar. Houve também uma falha da Justiça neste caso, porque a Polícia pediu a interceptação, a quebra do sigilo telefônico e o fornecimento dos números, e esses pedidos não foram apreciados”. Segundo o promotor, esta é uma falha que já não há mais como ser corrigida após tanto tempo.
Apesar de todos os esforços da família e do Sindicato, que no ano do crime chegou a acionar o governador cobrando mais celeridade no processo, o caso ainda não teve um desfecho. A ineficiência do Estado não permite fazer justiça para ninguém, nem para aqueles que respondem como acusados e menos ainda para a família que vive com a angústia de não ter os culpados pagando por um crime tão brutal.
Para os colegas de luta do Sindicato, os esforços para que a justiça seja feita são fundamentais para que não nos conformemos com a barbárie que temos vivido. “A impunidade para um crime tão brutal aumenta, ainda mais, o sofrimento de todos ao percebermos que o Estado não cumpre seu papel de identificar, julgar e punir os responsáveis. Enquanto isso não acontecer, permanece o sentimento de que a Justiça no Brasil só oferece benefícios aos criminosos”, afirma Alex Leite, diretor de Imprensa e Comunicação.
Veja Mais!
Violência contra mulher é física e social
" Só alcançaremos mudanças sociais com a participação ativa das mulheres "