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Crise dos Correios pode deixar cartas mais caras

Dentro da estratégia para tentar sanear as finanças dos Correios, a nova administração da estatal estuda acabar com o que chama de subsídio a tarifas da empresa, medida que deve mexer no bolso de quem usa regularmente os serviços postais.

Folha apurou que a estatal, agora sob o comando de Guilherme Campos, negocia com o Ministério da Fazenda a possibilidade de uma revisão extraordinária de tarifa até o fim deste ano.

Há o diagnóstico de que os preços cobrados pelo serviço de envio de cartas estão aquém do necessário para garantir equilíbrio financeiro à operação. Mesmo após o reajuste promovido no mês passado, de 10,7%, as tarifas ainda estão cerca de 10% abaixo do limite mínimo para garantir lucratividade.

Com isso, outros serviços da empresa, principalmente a entrega de encomendas, compensam parte do prejuízo gerado pela entrega de cartas. Daí, o entendimento de que há um subsídio nessa operação.

A administração dos Correios acredita que a base de clientes, especialmente os corporativos, é sólida e a demanda se manteria apesar de uma elevação de preços. Além disso, o serviço postal é um monopólio garantido pela Constituição ao Estado.

Oficialmente, a empresa afirma que, "no momento, não há a previsão de novo reajuste em 2016".

Procurados pela reportagem, os Correios responderam que "não há relação entre a lucratividade no serviço de cartas e o correspondente volume de objetos entregues, o qual se mantém estável".

OUTROS PROBLEMAS

Além de não ter retorno financeiro na operação postal, a empresa enfrenta problemas com o fundo de pensão de seus funcionários, o Postalis, e com a sociedade que mantém com o Banco do Brasil no Banco Postal.

O fundo para pagar as aposentadorias acumulou um rombo de R$ 7 bilhões em 2015, e os Correios devem ter que ajudar a tapar o buraco.

Já no Banco Postal, os Correios buscam um novo parceiro, pois o BB acenou que poderá deixar a sociedade. Sem o novo sócio, a estatal teria que arcar sozinha com os prejuízos da subsidiária: de R$ 2,1 bilhões só em 2015.

Em meio a esses imbróglios, acabar com o subsídio no principal serviço da estatal é considerado pela cúpula uma premissa básica para recuperar as finanças.

A principal explicação para as dificuldades financeiras da estatal está no crescimento das despesas, e não na queda das receitas.

Entre os fatores que pesam na conta estão os aumentos salariais para os funcionários. Os Correios estão entre os principais empregadores estatais, com aproximadamente 120 mil trabalhadores.

Embora as receitas ainda cresçam, baseadas principalmente no segundo maior serviço da empresa, a entrega de encomendas, o ritmo está aquém da alta de custos.

Desde 2010, o crescimento médio real (descontada a inflação) das receitas foi de 1% ao ano, enquanto os salários subiram mais de 2% ao ano.

Para tentar retomar a lucratividade, o plano não se resume à elevação de tarifas. Entre as medidas estão cortes em gastos de custeio, como a revisão de contratos de aluguel, fechamento de agências com baixo movimento aos sábados e entrada no mercado de telefonia móvel.

 

Fonte: Folha de São Paulo

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