O Brasil possui mais da metade de sua população (55%) formada por negros e pardos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mesmo com a diversidade de raças e etnias presentes no país, a intolerância, o racismo, a xenofobia e a discriminação ainda predominam na sociedade.
Os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) mostram que os negros ainda são inferiorizados. Em 2017, foi registrada uma forte desigualdade na renda média do trabalho: R$ 1.570 para negros, R$ 1.606 para pardos e R$ 2.814 para brancos.
Já no 3º trimestre de 2018, a pesquisa mostrou número de desemprego mais alto entre pardos (13,8%) e pretos (14,6%) do que brancos (11,9%).
No setor bancário os números também são preocupantes. De acordo com o relatório dos cinco maiores bancos do país, apenas cerca de 20% dos trabalhadores são negros e não participam de cargos de diretoria, exercendo apenas funções de produção.
De acordo com o secretário de Combate ao Racismo da Contraf-CUT, Almir Aguiar, a população negra ainda enfrenta o racismo e o machismo no mercado de trabalho. “As mulheres e homens negros estão, em sua maioria, nos serviços de limpeza, segurança, serviço de copa, construção civil. Mulheres negras, em especial, estão em ocupações com menor proteção social, sem carteira assinada. Elas têm mais dificuldade de ocupar postos formais, mais qualificados e que paguem melhor. No entanto, a inclusão delas no mercado de trabalho ainda é um desafio. Reflexo do passado escravocrata e do racismo estrutural”, afirmou.
O deputado federal, Vicente Paulo da Silva, também conhecido como Vicentinho, afirmou que os bancos deviam ser exemplos de igualdade de oportunidades. “Os bancos têm que colocar os trabalhadores em condição de igualdade. Não se deve medir a sua competência e desenvoltura devido a sua cor da pele ou sexo.
Essa situação é realmente muito difícil e requer dos sindicatos e movimentos sociais muita luta e enfrentamento contra os empresários para que se assegure a igualdade”, afirmou.
Para combater a discriminação racial no Brasil e, especificamente, nos locais de trabalho é preciso ir além das comissões que são instauradas entre sindicatos e empresas. “Precisamos ocupar o espaço público. No governo Lula e Dilma tivemos políticas de igualdade racial, cotas, lei maria da penha, sistemas como o Estatuto da Igualdade Racial. É necessário que todos nós nos envolvamos nessa luta e garantir o Estado Democrático de Direito, que é fundamental, e estabelecer o que diz a Constituição: garantir direitos de igualdade para todos. Essa luta começa no local de trabalho”, disse Vicentinho.
Negros e Pardos são maioria das mortes registradas no ano
Dados do Mapa da Violência de 2018, estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) mostram que o racismo mata cada vez mais pessoas no Brasil. Em 2017, 75,5% das vítimas de homicídios foram de indivíduos negros. A piora da desigualdade de letalidade racial no Brasil é constante. Em dez anos (2007 a 2017) a taxa de mortes de negros cresceu 33,1% comparada a de não negros de 3,3%.
Para Almir Aguiar, o fim das “Políticas Afirmativas” enterram as possibilidades de ações de equidade na sociedade. “O pacote anticrime do Ministro Sérgio Moro tem este espírito, que ganha coro na classe média, assustada com a violência, o da solução reducionista do “bandido bom, é bandido morto”, disse.
Campanha de Valorização da Diversidade
Com o objetivo de analisar as políticas de inclusão dos bancos e promover a igualdade de oportunidades no setor bancário. Acontece entre agosto a outubro o 3º Censo da Diversidade.
Neste ano, o censo vai além da coleta de dados. Também será realizada a Campanha de Valorização da Diversidade. A proposta é fruto das mesas de negociações com a Fenaban, que visa sensibilizar a categoria e formar agentes da diversidade nas agências e departamentos bancários.
Fonte: Contraf-CUT