Outubro Rosa é o mês destinado à conscientização sobre prevenção e diagnóstico do câncer de mama. Sobre este assunto, a médica ginecologista Jacqueline Ferraz aborda cuidados com a saúde, detecção e tratamento da doença.
Estamos no mês de outubro, em que ocorre a campanha nacional de prevenção do câncer de mama. Dentro dessa perspectiva, qual a importância do diagnóstico precoce da doença?
O Outubro Rosa é um movimento que começou nos anos 90 para conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do combate ao câncer de mama. Desde então, durante todo o mês de outubro, a gente enfatiza a importância da mulher se autoavaliar e se autoexaminar fazendo o toque das mamas. Este exame é simples e pode ser feito diariamente, principalmente durante o banho. Além dele, é importante também a mulher fazer mamografia, a partir dos 40 anos, anualmente. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, há uma estimativa que, para 2018, possam surgir cerca de 60 mil novos casos de câncer de mama, o que impacta em toda a sociedade porque tira o homem ou a mulher do seu estado de trabalho, o custo é muito elevado, além de sabermos que existe o comprometimento psicológico tanto da pessoa quanto da família.
De que forma a mulher pode aprofundar o autoconhecimento e autocuidado das mamas? E quais as alterações na mama da mulher que devem despertar atenção?
Com o autoexame das mamas, a mulher pode perceber como a textura dessa região e, a qualquer alteração que venha a ocorrer, ficar atenta e buscar atendimento especializado. Algumas alterações são bem simples, como o aparecimento de nódulos, que são diferentes do período pré-menstrual, que é aquele nódulo mais delimitado, mais endurecido. Outra coisa que ela também pode perceber é a simetria nas mamas, quando uma mama aumenta ou diminui, ou apresenta alguma retração. Podem acontecer também alteração nos mamilos, acontecendo algumas vezes dele inverter, ficar diferente de como costumava ser, e a presença de secreção diferente na mama, principalmente se essa secreção for mais amarronzada ou sanguinolenta. Outra coisa que ela pode perceber é que a mama está com o aspecto avermelhado e com aspecto de casca de laranja, que também é um sinal importante e que pode não ser apenas uma inflamação, e, sim, um início de um câncer. Feridas que não cicatrizam também precisam despertar o alerta, assim que perceber essas feridas, a mulher deve procurar o ginecologista o mais breve possível.
Quem é o público prioritário do exame de mamografia e quando deve ser realizado?
A partir dos 40 anos, a incidência do câncer começa a aumentar, mas, no exame ginecológico anual, a mulher mais jovem também pode ser submetida ao exame das mamas. O mais importante é que, a partir dos 40 anos, a mulher vá ao ginecologista para exames mais detalhados das mamas, possibilitando assim um diagnóstico precoce dessa doença. Uma coisa importante a ser dita é que o câncer de mama não afeta apenas as mulheres, os homens também podem ter a doença, em uma incidência muito menor do que a que acontece com as mulheres.
Com o avanço da ciência, novas técnicas de combate estão sendo desenvolvidas?
O exame mais elementar para se fazer o diagnóstico do câncer de mama é a mamografia, que é um exame simples, rápido e bastante eficiente. Outros exames utilizados para complementar o diagnóstico são a ultrassonografia mamária e a ressonância magnética, que possibilitam a visualização de alterações que possa haver na mama. São exames um pouco diferentes, mas um não exclui o outro, são na verdade complementares.
Quais os hábitos saudáveis que podem auxiliar as mulheres para evitar o câncer de mama?
Considerando os fatores estresse e diversos adoecimentos, há formas de contribuir para redução do risco de desenvolver a doença com ações básicas, envolvendo uma mudança no estilo de vida. É importante buscar o controle do peso corporal, uma alimentação saudável, exercícios físicos regulares, redução da sobrecarga de estresse e, principalmente, reduzir o consumo de bebida alcoólica e o fumo.
Quais tipos de acompanhamento uma paciente diagnosticada deve ter?
Para além do acompanhamento médico que vai buscar tratar o câncer. Uma paciente com câncer de mama também tem sofre impacto sobre a vida sexual, e isso pode dificultar o relacionamento na família, porque geralmente são mulheres que têm parceiros e, por meio do tratamento, ela pode ter uma dificuldade de manter a vida sexual nesse relacionamento. A quimioterapia, a radioterapia e a própria cirurgia são procedimentos que vão impactar na vida sexual, deixando a paciente sem energia. Então é importante que se busque um apoio psicológico tanto para a paciente, quanto para a família, com o objetivo de preparar todos para essa nova fase, incluindo também a conscientização do parceiro ou da parceira seja sobre desse período e a importância do fortalecimento afetivo no momento de tratamento.
As opiniões expressas no artigo não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.