Conversamos com o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e de Sergipe, Emanoel Souza, sobre o problema dos ataques a bancos no estado.
A violência contra agências bancárias aumenta por todo país, e, em contrapartida, pouco, ou nenhum, esforço por parte dos bancos é empenhado no combate à prática. Como o senhor avalia o crescimento de ataques a bancos na Bahia nos últimos anos? A Federação, junto ao Sindicato dos Bancários da Bahia, mantém um acompanhamento permanente de todos os ataques violentos contra as agências. Neste ano, até agora, já foram registradas 21 ocorrências, como explosões e arrombamentos. Estamos cobrando providências das autoridades competentes, já nos reunimos com o governador do estado, buscando mais atenção e investimentos na segurança, e estamos articulando com um deputado estadual um projeto de lei que visa ampliar o poder de fiscalização de transporte de explosivos à Polícia Rodoviária Estadual e à Polícia Civil.
Na nossa base, diversas agências que foram alvos de ações violentas ainda não foram reabertas, prejudicando, além dos funcionários, a população, que precisa recorrer a atendimentos limitados em agências lotéricas, Correios e correspondentes bancários ou viajar para outros municípios. Na sua opinião, quais os prejuízos destas ações nessas localidades? Além de afetar as rotinas dos bancários e da população, há prejuízos imensos, especialmente, nas economias dos pequenos municípios. Os moradores, por exemplo, que saem de suas cidades para sacar dinheiro em outras acabam gastando por lá também, o que acarreta em redução de circulação da moeda nos lugares que não possuem bancos. Inclusive, já participamos de audiência com a UPB – União de Prefeitos da Bahia, discutindo as repercussões negativas dos fechamentos das agências para as cidades.
Quais medidas as instituições financeiras e o poder público deveriam adotar para coibir o avanço da violência contra agências? No tocante aos bancos, é preciso cobrar investimentos em segurança dentro das agências. A lei que obriga a instalação de portas giratórias nas agências, por exemplo, foi fruto de pressão da Federação e de sindicatos, e é preciso muito mais. Da mesma maneira precisa agir o governo, aumentando os investimentos em segurança pública. As cidades pequenas do interior, por exemplo, possuem um contingente muito reduzido. Há casos em que bandos com mais de 20 bandidos encontram cidades com apenas dois ou três policiais. Além de novas contratações, o poder público precisa coibir a venda de explosivos e investir no serviço de inteligência da polícia, o que poderia antever e evitar diversos ataques pelo estado.
E qual o papel do poder público nessas intervenções? O Poder Executivo Municipal não pode intervir na instalação dos bancos, porém, pode fixar exigências para concessão do alvará de funcionamento, se atentando para questões de segurança, por exemplo. Temos um modelo de cobranças, destacando aspectos que devem ser observados durante a instalação dos bancos no município, que vem sendo aprovado por várias Câmaras Legislativas de cidades na Bahia.
As opiniões expressas na entrevista não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.