Após o anúncio da criação do superministério que será entregue à Paulo Guedes e o fim do Ministério do Trabalho, o próximo governo já começa a delinear quem deverá pagar a conta da crise econômica. A nomeação do banqueiro Joaquim Levy para a presidência do BNDES, evidencia a função de liberar dinheiro público para os grandes conglomerados internacionais comprarem as estatais brasileiras. As lucrativas, claro.
Até o momento, nenhuma medida que afete a elite dominante, para reduzir as desigualdades sociais, foi anunciada. Não se ouve falar sobre a elevação dos impostos para os mais ricos, o fim dos benefícios fiscais, ou mesmo a mudança nas aposentadorias de políticos, militares e outros privilegiados. No entanto, para a classe trabalhadora a perseguição já se iniciou.
A mudança nos regimes previdenciários – com a criação de um novo modelo de Previdência, sem garantia de valores mínimos, capitalizada de forma individual e administrada pelos banqueiros privados – deve provocar redução de valores com o enfraquecimento e uma possível falência do sistema atual.
Além do fim do Ministério do Trabalho – que, entre outras outras funções, tem o papel de fiscalizar os abusos patronais -, a criação das carteiras de trabalho verde e amarela deverá oficializar o subemprego no Brasil. Sem as garantias básicas previstas na CLT, o trabalhador será obrigado a aceitar as condições de trabalho oferecidas pelo patrão para garantir um emprego, independente do grau de salubridade, salário, jornadas e direitos. O trabalhador já sofreria constrangimento pela cor da carteira. Com o tempo, a carteira azul, regida pela Consolidação das Lei do Trabalho, deixaria de existir e a flexibilização dos contratos de trabalho se tornaria a única regra, já que a escolha é feita pelos empregadores.
Resta saber se aqueles que contribuíram para a eleição do novo presidente irão apoiar e aceitar passivamente as condições impostas pelos patrões, abrindo mão dos seus direitos, ou irão se juntar àqueles que estarão na resistência contra os retrocessos que tentarão nos impor.