Para falar sobre o índice de reajuste proposto pela Fenaban e as negociações da Campanha Salarial 2016, convidamos o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Emanoel Souza.
Na reunião do dia 29, diferente de outros anos, a Fenaban já apresentou uma proposta, mesmo que bastante abaixo do reajuste que a categoria reivindica. Quais as perspectivas para a Campanha Salarial após o índice apresentado? Ainda estamos em negociação com a Fenaban. A apresentação dessa proposta foi uma cobrança do Comando por um posicionamento dos bancos. Esse índice apresentado não contempla a categoria. Os bancos querem substituir reajuste por abono e não iremos aceitar isso, porque reduz a remuneração total do trabalhador. Se os bancos permanecerem com esse índice, provavelmente teremos um início da greve no dia 6 de setembro. Não vamos aceitar retrocesso ou retirada de direitos. As negociações não irão andar se, paralelo a isso, não tivermos uma forte mobilização nacional.
De que forma a participação da categoria conseguirá resistir na defesa das pautas com as dificuldades de negociação com a Fenaban? Essa greve precisa ser participativa. Esse é um importante instrumento de luta dos trabalhadores. A força da categoria em negociar com os bancos será medida pela participação de todos. Apenas com uma forte mobilização conseguiremos arrancar dos bancos um reajuste justo e maiores investimentos nas condições de trabalho. Só conseguiremos superar as dificuldades de negociação dessa forma. Não dá para iniciar greve e ir para casa. Vamos em frente com uma mobilização forte e unitária em todo o país.
Recentemente o Dieese publicou que este ano, até o mês de julho, já foram fechados 7.897 postos de trabalho. Qual a perspectiva da categoria em relação ao avanço da pauta ligada à mais contratações nas negociações específicas? A defesa por mais contratações está sendo um dos eixos centrais nas nossas negociações. Estamos na luta pela preservação dos nossos empregos. A convergência tecnológica tem roubado os postos da categoria bancária, é uma nova onda de mudança tecnológica no sistema financeiro. Precisamos nos organizar para enfrentar essa situação, garantindo nossos direitos.
Estamos vivendo um momento político diferente em relação às Campanhas Salariais dos anos anteriores. Como o cenário político do país pode dificultar a Campanha Nacional dos Bancários? O que está colocado no atual cenário político é um verdadeiro ataque aos direitos dos trabalhadores. Estamos na iminência da consolidação de um golpe. Nós vivemos uma crise econômica e política em que os bancos não foram atingidos e o ônus está sendo colocado nas costas dos trabalhadores. Após a consolidação do golpe teremos dificuldade de mobilização, mas precisamos resistir para defender nossos direitos.
Além das pautas específicas da categoria, o que vamos enfrentar assim que o processo de impeachment tenha seu fim? Se for consolidado o golpe, os bancários precisarão se colocar na luta pela defesa dos trabalhadores. A nossa luta será contra a terceirização que coloca o trabalhador em condição ainda mais precarizada. Essa será a primeira coisa que a Federação irá cobrar. Para além disso, temos a questão do negociado sobre o legislado, que é mais um ataque aos trabalhadores que não poderemos deixar passar.
As opiniões expressas na entrevista não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.