Nesta edição d’O Piquete Bancário entrevistamos o presidente do Sindicato dos Bancários, Paulo Barrocas, que fez um balanço da greve e do acordo proposto pela Fenaban.
Como o Sr. avalia a Campanha e a participação dos bancários?
A nossa mobilização que, foi o ponto principal da nossa Campanha Nacional, foi de grande importância para podermos enfrentar as dificuldades que teremos pela frente, haja vista os inúmeros projetos de lei em tramitação que visam suprimir direitos trabalhistas e nefastas propostas de alterações previdenciárias. Resistimos com unidade, pois parar a produção ainda é o principal meio de luta da categoria. Os bancários estão de parabéns pela mobilização e determinação em não aceitar a arrogância e a intransigência com que os bancos trataram nossa greve justa por melhores condições de trabalho, por mais contratações e por um reajuste digno que repusesse pelo menos a inflação.
Qual é a sua avaliação da atuação do SEEB/VCR na greve?
O Sindicato esteve sempre à frente das atividades da Campanha Nacional 2016, buscando organizar a categoria para enfrentar as dificuldades em uma conjuntura difícil. Realizamos a passeata dos bancários, a campanha para doação de sangue e cadastro de medula óssea, as Comissões de Convencimento e todo o trabalho realizado pela imprensa do SEEB/VCR para divulgar as reivindicações dos bancários e a valorização da categoria. Além disso, a diretoria esteve presente na base do SEEB/VCR, nas cidades de Itapetinga, Brumado, Poções, Ibicuí, Iguaí, Livramento, entre outras. O reflexo dessa presença dos diretores foi o fortalecimento do movimento grevista em toda a região, aumentando consideravelmente a adesão, inclusive de gerentes de bancos públicos que estavam fora da greve. A organização e a logística efetuada pela entidade contribuiu para que os bancários resistissem, mesmo sob pressão, pelos 31 dias de greve até o fechamento do acordo.
Qual é a sua opinião em relação ao Acordo Coletivo 2016?
O governo e os bancos jogaram todo seu peso para nos impor um reajuste abaixo da inflação e todos nós sabemos que para os bancos não existe nem nunca existiu crise. Entra ano e sai ano, os bancos sempre tiveram altos lucros e poderiam muito bem atender as nossas reivindicações. Exemplo disso foi o último semestre, onde os cinco maiores bancos tiveram R$ 30 bilhões em lucro líquido. Infelizmente não atingimos o que pretendíamos, devido às dificuldades que desde antes da greve já eram esperadas por todos. A demora em fechar o acordo e a quantidade de dias parados gerou um desgaste com a população – tal desgaste insuflado pela grande mídia. Chegamos até onde foi possível com adesões de gerentes médios e supervisores de bancos públicos. O abono das horas paradas foi uma conquista importante, já que não era aceita pelos bancos há muitos anos.
Qual é a importância da greve para as lutas da categoria?
É de suma importância, pois ainda é a forma mais eficaz do trabalhador lutar democraticamente em busca das suas reivindicações. A greve é um instrumento legal, previsto na Constituição Federal, e possibilita a classe trabalhadora fazer a correlação de força com os patrões. Por isso, todos os bancários devem ter a consciência de que só a luta coletiva pode trazer benefícios à toda a categoria. Precisamos agora nos organizar para enfrentar os ataques que estão sendo feitos aos direitos específicos do bancário e também contra as reformas que retiram direitos de todos os trabalhadores.
As opiniões expressas na entrevista não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.