Decepcionados. Foi assim que os dirigentes sindicais saíram da última reunião do ano com a Fenaban para debater igualdades de oportunidades, realizada em São Paulo, nesta terça-feira (15). Apesar de definir o calendário de debates para 2016, alguns temas importantes não avançaram. Já estão agendadas quatro reuniões: na segunda quinzena de fevereiro, na última semana de abril; na segunda semana de julho e após a assinatura do acordo da Campanha Nacional de 2016. “A postura da Fenaban ficou muito aquém da nossa expectativa. Embora os temas importantes tenham sido abordados, os resultados práticos foram muito pequenos”, lamentou Fabiano Paulo da Silva Junior, secretário de Políticas Sociais da Contraf.
A principal frustação ficou por conta da campanha nacional conjunta de combate ao assédio sexual. Os bancos se comprometem a reforçar a comunicação e sensibilização interna, mas não aceitam fazer a campanha conjunta com movimento sindical, ao contrário do que foi sinalizado na campanha nacional 2015.
“A gente considera um retrocesso esse tipo de postura dos bancos num tema, comprovadamente, de extrema relevância. É uma violência, pois o agressor se utiliza de seu cargo e seu poder para subjugar sua vítima. É uma relação de poder calçada no machismo que é algo que lutamos para desconstruir. Queremos uma sociedade de iguais, sem discriminação de gênero, raça, orientação sexual, pessoa com deficiência, sem violência de gênero e sem assédio sexual”, afirmou Fabiano
“É lamentável esse tipo de postura, uma vez que eles dizem que são sensíveis ao tema, e essa campanha de conscientização é fundamental para inibir esse tipo de prática dentro do espaço de trabalho. Esse é um assunto preocupa muito os trabalhadores, como mostrou a Consulta Nacional, na qual 12% da categoria elegeu o tema como prioridade na Campanha Nacional”, lembrou Elaine Cutis, secretária da Mulher da Contraf-CUT. “Apesar disso, o movimento sindical vai trabalhar o tema como prioridade. Uma pena que não possa ser de forma conjunta, mostrando que patrões e empregados estão sensíveis a mesma causa”, completou Elaine.
Durante o encontro também, a Fenaban apresentou os dados sobre a participação das mulheres negras no setor. Em 2008, era 8,2% da categoria. Já no novo censo, esse número subiu para 11% e a PEA está 21,6%.
Para o secretário de Combate ao Racismo da Contraf, Almir Aguiar, o aumento, sem dúvida, representa um avanço, mas os resultados continuam longe do esperado. "Depois de muitas cobranças do movimento sindical, a Fenaban finalmente apresentou os dados das mulheres negras no setor bancário. Os números de 2014 em relação a 2008, ainda é insuficiente. O dia a dia, mostra que os afrodescendestes ainda são invisíveis na categoria. Precisamos avançar mais."
A inclusão dos trabalhadores com PCD também foi debatido. Os representantes dos trabalhadores questionaram quais as ações em curso para avanço no cumprimento da cota de pessoas com deficiência. Os bancos afirmaram que o percentual de trabalhadores com deficiência no setor atualmente é de 3,6%, contra 1,8%, em 2008. A Fenaban alega que a dificuldade de contratação se deve à deficiência da educação pública.
“Nós discordamos desta avaliação. Embora tenha subido, nós consideramos insuficiente e está aquém do mínimo exigido pela lei, de 5%”, lembrou Fabiano. O tema de inclusão de trabalhadores com deficiência será retomado na primeira reunião do ano que vem.