A vitória de Temer na Câmara foi boa para muita gente. Apesar de saber que não teria votos para aprovar a continuidade das investigações, o PT e a maioria dos partidos ex-aliados do governo Dilma preferiram dar o quórum necessário e votar contra apenas para marcar posição. A ideia é manter um presidente desgastado, mas aprovando as reformas até a eleição de 2018, para apostar em um “salvador da pátria” assumindo o governo.
Se para alguns partidos da oposição o bom é manter Temer, para os empresários e banqueiros foi melhor ainda, pois é a garantia da continuidade dos cortes dos direitos. Para os deputados vendedores de votos, fica a permanência da corrupção através de emendas, cargos públicos e outras vantagens pessoais. Para os envolvidos na operação Lava-Jato, é a possibilidade de evitar que as investigações se aprofundem e que as punições sejam executadas, e, por meio da aprovação de lei complementar, aprovar candidaturas de “fichas sujas”.
Sem nenhuma mobilização proposta pelas centrais sindicais, a votação ocorreu sem que os trabalhadores colocassem qualquer dificuldade ou pressão sobre os parlamentares corruptos. Se, para a maioria das centrais, manter a omissão pode favorecer os partidos políticos a elas ligadas, para outras, o importante é manter o imposto sindical obrigatório e as relações imorais com os empresários.
Sendo a permanência de Michel Temer boa para os inescrupulosos que se preocupam em ocupar e se beneficiar das esferas do poder público, para a classe trabalhadora fica mais uma vez a lição da imprescindível tarefa de construir representações sindicais com autonomia e independências partidária e governamental, para que os interesses da maioria da população brasileira não sejam negociados nos balcões da corrupção e do poder.
Veja Mais!
Editorial: Construindo um novo amanhã, por Sarah Sodré
Por Sarah Sodré, vice-presidente do SEEB/VCR. Quisera que todos os dias fossem de reflexão e …