Cerca de 1,17 milhão de trabalhadores e trabalhadoras estão na fila de espera do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) aguardando a análise de pedidos de concessão de benefícios como aposentadoria, auxílio-doença, pensões e Benefício de Prestação Continuada (BPC). A demora penaliza cidadãos que dependem da aprovação do instituto para conseguir a renda a que têm direito para sobreviver.
A fila virtual chegou a ter cerca de dois milhões de pedidos este ano, foi reduzida durante o isolamento social para conter a pandemia do novo coronavírus, mas o problema está longe de ser resolvido.
O presidente do INSS, Leonardo Rolim, prometeu que a análise dos pedidos com mais de 45 dias (prazo máximo estabelecido por lei) será normalizada entre os meses de agosto e outubro, mas os trabalhadores sabem que não existe solução mágica, sem investimentos.
A normalização anunciada é até possível, diz Pedrinho Totti, presidente do Sindicato dos Servidores no Seguro Social e Previdência Social no Estado De São Paulo (SINNSP), mas não será ‘para sempre’.
“Há uma série de fatores que indicam que a fila pode voltar a acontecer. Com a pandemia do coronavírus, as agências estão fechadas e 90% dos servidores estão trabalhando em casa, se dedicando somente isso, sem atendimento ao público. Isso facilitou o andamento das análises”, diz o dirigente, ressaltando que a pandemia também reduziu a demanda habitual de entrada de requerimentos e que o trabalho home-office rende mais porque, em casa, os servidores têm melhores condições de trabalho do que nas agências do INSS.
Depois do fim da pandemia, diz Pedrinho Totti, com a atual situação do INSS, que está sucateado, sem trabalhadores e condições precárias de atendimento, a tendência é que o sistema volte a ficar saturado.
O dirigente aponta que a última aquisição de equipamentos para o INSS foi feita no governo de Dilma Rousseff, em 2015. De lá para cá, não houve mais nenhum investimento em materiais.
Some-se a isso a falta de servidores. Nenhum concurso foi realizado desde 2013. Muitos dos trabalhadores se aposentaram. O resultado foi que de 2017, o INSS perdeu um terço de sua mão de obra. “Éramos cerca de 20 mil naquele ano, hoje somos 11 mil”, afirma Pedro Totti que complementa: “a falta de servidores ocasiona a sobrecarga de trabalho para quem fica”.
“Com o Temer e agora com o Bolsonaro, é impressionante a deterioração do INSS”, diz se referindo ao desmonte promovido no serviço público pelo golpista Michel Temer e piorado pelo governo de Jair Bolsonaro.
Fonte: CUT