Durante a mesa “Globalização, desigualdade e crise civilizatória”, organizada no Fórum Social Temático de Porto Alegre, os presentes realizaram um balanço dos resultados obtidos nestes 15 anos de Fórum Social Mundial (FSM). O presidente da CUT gaúcha, Claudir Nespolo, apontou conquistas do evento, como o fim da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e a expansão de governos progressistas em diversos locais do mundo, como a América Latina.
Em busca de novos resultados, além da exposição de um panorama de conquistas, os presentes debateram a revisão de alguns pontos do FSM. “O Fórum deixou um legado inegável, mas não podemos desconsiderar que não estamos em um melhor momento da democracia”, disse o sindicalista. Também participou do debate o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos, que reafirmou a “necessidade de fazer a autocrítica”.
“Estamos aqui debatendo para quê? Precisamos ter posições claras e assumir a responsabilidade social que devemos ter perante aqueles que sofrem, são oprimidos, excluídos e, portanto, não têm oportunidade de estar aqui conosco”, criticou o sociólogo da Universidade de Coimbra, que propôs posicionamentos mais claros do FSM perante questões de consenso.
Citando a defesa da homologação de terras indígenas no país como exemplo de pauta comum, Boaventura pediu por união entre os movimentos progressistas. “Capitalismo, sexismo, colonialismo e racismo atuam em conjunto (…) A agenda sempre foi contra o neoliberalismo e não contra o capitalismo, mas durante esses anos vimos que o neoliberalismo se tornou a única forma de capitalismo que existe”, concluiu.
A mesa ainda contou com a participação de Socorro Gomes, do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta Pela Paz (Cebrapaz/Brasil); Caroline Borges, do Reaja Brasil; Maren Mantovani, do Stop The Wall/Palestina; Nair Goulart, da Força Sindical; Cristina Reynold, da AIH/Argentina; e o jornalista austríaco Leo Gabriel.
Todos os presentes manifestaram preocupação perante o avanço do conservadorismo no mundo. “Temos que dar uma resposta às alternativas lançadas pelo Fórum de Davos”, disse Cristina Reynold, em referência ao Fórum Econômico Mundial, que é realizado concomitantemente na Suíça e reúne líderes de governos com executivos de multinacionais, investidores e representantes do mercado financeiro.
Boaventura reafirmou a importância da “resposta” citada por Reynold. “Os neoliberais que discutem lá no Fórum Econômico de Davos nem consideram a possibilidade de discutir com nossos setores (…) A Europa, que vivia as políticas do FMI (Fundo Monetário Internacional) aplicadas nos países de terceiro mundo, agora vive a violência, o pesadelo de ver a pilhagem do seu salário, sua vida”, afirmou.