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Intelectuais brasileiros lançam abaixo-assinado contra perseguição da Conib a Breno Altman

Manifesto liderado pela historiadora Virgínia Fontes repudia criminalização das opiniões críticas ao massacre promovido pelo governo sionista de Israel contra os palestinos residentes em Gaza

Intelectuais que se solidarizam com Breno Altman, fundador de Opera Mundi, alvo de perseguição judicial por seu posicionamento crítico às ações do governo israelense contra o povo palestino, abriram nesta segunda-feira (01/01) um abaixo-assinado em defesa ao jornalista e em repúdio ao “Estado sionista de Israel”.

A iniciativa ocorre no momento em que Altman é ameaçado judicialmente pela abertura de inquérito policial, a pedido do Ministério da Justiça, iniciada neste sábado (30/12).

O texto do abaixo-assinado foi escrito pela historiadora Virgínia Fontes, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), e apoiado por dezenas de importantes figuras do mundo acadêmico, como Caio Navarro de Toledo, Paulo Henrique Furtado de Araújo, Sandra Quintela, Tatiana Poggi, Luiz Bernardo Pericás, João Pedro Thimoteo, Ana Saggioro Garcia, Rodrigo Castelo Branco, Kleiton Wagner Nogueira, Rejane Carolina Hoeveler, Gelsom Rozentino, Joana Coutinho, Eblin Farage, Bruno Borja, Roberto Leher; Elaine Bortone, Igor Fuser, Nair d’Aquino Fonseca Gadelha, Valerio Arcary, Marcelo Ridenti, Sofia Manzano, Eleonora Cavalcante Albano e Marly Vianna, entre outros.

No documento, Fontes ressalta a diferença entre antissionismo e antissemitismo, criticando a tentativa da Conib de confundir os dois termos para criminalizar as opiniões de Altman sobre o governo sionista de Israel.

“O sionismo é uma corrente política entre os judeus (…) e o antissemitismo é uma corrente racista cujo ápice foi o extermínio sistemático de judeus na Alemanha nazista. Confundir os dois tem um propósito: o sionismo pretende silenciar a todos (judeus e não judeus), impondo uma falsificação histórica grosseira: criminalizar a denúncia dos horrores sionistas igualando-a ao antissemitismo”, argumenta a historiadora.

O texto classifica como “inadmissível e vergonhosa” a postura da Conib pela promoção de uma “falsificação histórica” que oculta o massacre em Gaza, além de criminalizar “uma corajosa voz de origem judaica, a de Breno Altman”.

O professor do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Igor Fuser, e apoiador do manifesto, concorda com Altman quando diz que a Conib atua como um “instrumento a serviço do governo estrangeiro”, com o único objetivo de influenciar na política externa brasileira, impedindo medidas humanistas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“Com esse ataque obscurantista ao jornalista Breno Altman, a Conib busca silenciar todos os brasileiros que se opõem ao assassinato em massa que está sendo cometido pelo Estado de Israel, instaurando na sociedade brasileira um ambiente de censura e intimidação. Trata-se de um atentado à democracia, a ser combatido por todos os que prezam a liberdade de expressão e o estado de direito”, declarou o professor a Opera Mundi, ressaltando a importância de Altman receber solidariedade de todos aqueles que estejam minimamente comprometidos com a defesa da democracia, da liberdade de imprensa e dos direitos humanos.

Fuser ainda mencionou o “sofisma”, raciocínio do qual o sionismo faz uso ao tentar equiparar quaisquer críticas às políticas expansionistas e racistas ao antissemitismo.

“Racista é quem apoia a destruição do povo palestino e a usurpação de suas terras. A atual ofensiva militar de Israel em Gaza é uma campanha em que o sionismo expõe ao mundo toda a sua perversidade, ao utilizar a violência sem freios contra civis indefesos, especialmente mulheres, crianças e idosos, que estão sendo assassinados diariamente”, afirmou o professor.

Já o historiador Valério Arcary ressaltou a Opera Mundi que a obrigação do jornalismo é denunciar os crimes, ao configurar a perseguição contra Altman como “uma campanha de intimidação de organizações sionistas”.

“É preciso estar comprometido com a defesa do direito democrático inalienável, irredutível e inviolável de que ele possa fazê-lo. Trata-se do exercício da liberdade de expressão. Unamo-nos em solidariedade a Breno Altman através dos manifestos como um abraço que ele merece”, declarou o acadêmico, acrescentando que o “silêncio” que querem impor fere os direitos conquistados desde o fim da ditadura. “Quem não entende isso, não entende nada.”

Leia o manifesto na íntegra (clique aqui para assinar também):

Em defesa de Breno Altman e do povo palestino

“Hoje é o primeiro dia de 2024. Na noite de ano novo, o Estado sionista de Israel continuou o bombardeio sobre a população de Gaza. São mais de dois milhões de pessoas encurraladas, com todos os meios de produção da vida e de subsistência cortados, massacradas e bombardeadas diariamente de maneira indiscriminada, com um saldo de mais de 20 mil mortes civis e a destruição de suas casas, hospitais, escolas, mesquitas, cidades inteiras.

Tal horror é somente equiparável àquele que os próprios judeus sofreram sob o nazi-fascismo. Em ambos, um Estado fortemente armado ataca deliberadamente uma população sob seu domínio.

Vale relembrar que sionismo é uma corrente política entre os judeus; e que o antissemitismo é uma corrente racista cujo ápice foi o extermínio sistemático de judeus na Alemanha nazista. Conhecemos bem o racismo e suas falsificações abertas ou discretas. Lutaremos sempre contra todos os racismos.

Portanto, lutamos contra o antissemitismo. Mas identificar judaísmo e sionismo é falsificar a história. Muitos judeus são contra o sionismo, que é uma vertente política.

Confundir os dois tem um propósito: o sionismo pretende silenciar a todos (judeus e não judeus), impondo uma falsificação histórica grosseira: criminalizar a denúncia dos horrores sionistas igualando-a ao antissemitismo. É uma falsificação deliberada, que vem gerando cenas de horror político, como uma manifestação supostamente em luta contra o antissemitismo realizada na França, na qual participaram defensores históricos do governo de Hitler, como as forças lideradas por Marine Le Pen.

A falsificação ganha escala com a estreita proximidade entre o sionismo, a extrema direita internacional, os governos dos EUA (e ocidentais), e a grande mídia proprietária ocidental. Gastam milhões para borrar a diferença brutal entre antissemitismo e antissionismo e, em especial, a extrema direita israelense. Vão ainda além, e tentam criminalizar as vozes dissidentes. Classes dominantes e governos ocidentais tentam proibir as manifestações contra o horror promovido há meses pelo Estado sionista de extrema direita de Israel contra a população de Gaza. Fizeram isso na Inglaterra, na Alemanha, na França, mas a população não se deixou enganar e enfrentou tais falsificações com multitudinárias manifestações em defesa do povo palestino. As classes populares do mundo inteiro denunciam incessantemente o massacre em curso, a tal ponto que o governo de Israel se encontra crescentemente isolado, pois seus atos são ainda piores do que os praticados pelo antigo regime do apartheid da África do Sul, pois os brancos racistas segregaram os negros, como Israel segrega os palestinos, mas não os bombardearam.

No Brasil, tentam agora silenciar uma corajosa voz de origem judaica, a de Breno Altman, que se dedicou incansavelmente a explicar – com dados, bibliografia, fontes citadas e fatos – as falsificações e os horrores que o Estado sionista de extrema direita de Israel vem realizando.

É inadmissível e vergonhosa a iniciativa da CONIB (Confederação Israelita do Brasil), uma dentre as muitas entidades sem fins lucrativos patrocinadas pela extrema direita israelita no mundo, ao promover a falsificação histórica e tentar ainda ocultar o óbvio – o massacre indiscriminado e a “limpeza étnica” realizados por Israel – atribuindo a Breno Altman a pecha de antissemita! Logo a ele, judeu. A falsificação é grosseira e sionistas tentam disfarçar o seu próprio racismo anti-palestino sob cortinas de fumaça negacionistas da verdade histórica. Mas a verdade está diante de nossos olhos.

Mais grave ainda é a aceitação pela Polícia Federal de uma denúncia oportunista, falsificadora e em defesa da continuação do massacre, que pretende silenciar uma das mais importantes vozes na defesa do povo palestino no Brasil. Este governo não pode ser cúmplice de tal falsificação, que promove apartheid, genocídio, massacre generalizado e limpeza étnica.

Nenhum silêncio se justifica e a omissão nos condena.

Todo o apoio a Breno Altman e ao povo palestino!”

Apoio da Ulepicc Brasil

A ‘União Latina de Economia Política da Informação, Comunicação e Cultura’ (Ulepicc-Brasil) emitiu uma nota, nesta terça-feira (02/01), condenando o inquérito policial contra Breno Altman, que atendeu às “orientações da organização sionista Confederação Israelita do Brasil”.
O texto diz:
“A Ulepicc-Brasil repudia veementemente a recente investigação aberta pela PF (Polícia Federal), a pedido do MPF (Ministério Público Federal), contra o jornalista Breno Altman, editor do site Opera Mundi, que se posiciona contra a ocupação ilegal de Israel na Palestina.
O pedido e o inquérito seguiram as orientações da organização sionista Confederação Israelita do Brasil (Conib), que moveu uma ação em dezembro contra o jornalista. A tentativa de criminalizar as suas denúncias foi considerada pela ABI (Associação Brasileira de Imprensa) como uma intimidação.”

Apoio do Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino

O ‘Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino Khader Mahmud Ahmad Othman’ também formalizou um manifesto repudiando os ataques que Breno Altman tem sofrido ultimamente.

O texto, que condena o “extermínio sistemático e intencional” de Israel, já vinha sendo desenvolvido desde o ano passado, e foi divulgado recentemente após o jornalista se tornar alvo de inquérito policial.

“É consequente a importância da ampla denúncia contra a ação persecutória da Conib, cujo objetivo óbvio (mas destinado ao fracasso) é tentar intimidar e calar o Breno. Nossa resposta é o que foi cantado, a plenos pulmões, no recente ‘Ato de Solidariedade ao Povo Palestino e contra o Genocídio praticado por Israel’ em Florianópolis (UFSC, novembro de 2023): ‘Breno é nosso amigo, mexeu com ele, mexeu comigo!’, afirmou a Opera Mundi o sociólogo Geraldo Barbosa, que é presidente da Associação Memorial Luiz Carlos Prestes e um dos apoiadores do manifesto.

Eis o documento (clique aqui para assinar também):

“Contra a perseguição ao jornalista Breno Altman; pela liberdade de expressão e opinião; contra o genocídio palestino

Nós, que abaixo subscrevemos, manifestamos nosso repúdio à perseguição contra o jornalista Breno Altman, efetuada pela Confederação Israelita do Brasil (Conib), e que, contrariamente aos preceitos democráticos, recebeu acolhida das instituições do Estado brasileiro, como o Poder Judiciário, o Ministério Público Federal e o Ministério da Justiça.

Entendemos que esses órgãos deveriam zelar pela garantia inalienável dos direitos básicos previstos na Constituição Federal: liberdade de expressão, de opinião e livre exercício do jornalismo, bem como o direito à denúncia do genocídio perpetrado por Israel contra o povo palestino.

Entendemos que esses órgãos deveriam repudiar esse extermínio sistemático e intencional contra um povo, à imagem e semelhança do que ocorreu no passado, durante a II Guerra Mundial contra um povo que ora o aplica aos palestinos. A História que hoje expõe os fatos, indubitavelmente cobrará a responsabilidade dos que fizeram vistas grossa a uma realidade cruel.

Prestamos total e incondicional apoio ao jornalista Breno Altman. Entramos em sua defesa, porque é preciso coragem e dedicação para colocar em pauta os direitos humanos, a livre existência, a resistência dos palestinos que veem ameaçada a sua própria existência enquanto povo. Breno Altman denuncia cotidianamente os crimes de guerra e de lesa humanidade, incluindo as críticas e condenação de um Estado que, de longa data, implanta o terror: limpeza étnica, racismo e colonialismo: Israel.

Devem cessar todas e quaisquer formas de perseguição e cerceamento dos direitos de expressão e opinião, do livre exercício profissional jornalístico e de denúncia de crimes de extermínio, passíveis de punição no direito, nas leis e nos órgãos internacionais de defesa e garantia dos direitos humanos.

Eu Apoio o Povo Palestino
Meninas Pensantes
Mesquita Palestina Sheik Adil (Criciuma/SC)
Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino Khader Mahmud Ahmad Othman”

Fonte: operamundi.uol.com.br

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