O lucro líquido recorrente do Bradesco totalizou R$ 6,5 bilhões no terceiro trimestre, avanço de 19,6% em relação ao mesmo trimestre de 2018. Descontados eventos extraordinários — como o programa de desligamento voluntário (PDV), por exemplo — o lucro contábil subiu 16,5%, para R$ 5,009 bilhões.
Segundo o relatório divulgado nesta quinta pelo segundo maior banco privado do país, o principal impulso para o aumento do lucro foi o resultado das operações de seguros, previdência e capitalização do banco, que registrou alta de 7,5% no período, para R$ 3,473. Em seguida veio a margem financeira (receita com operações de crédito), que cresceu 5,9%.
De outro lado, apesar de as receitas com prestação de serviços ter apresentado aumento de 3,7% no período e de 2,5% na comparação do acumulado até setembro, essa fonte de receitas é a única que ainda não alcançou as metas de crescimento fixadas pelo próprio banco, de 3% a 7% até o final de 2019.
“As receitas com tarifas estavam pressionadas, mas foram ajustadas nos trimestres anteriores e devem mostrar alguma evolução. Mas em relação às projeções de crescimento para o ano, a expectativa é que esses ganhos fiquem na parte de baixo do intervalo previsto, entre 3% e 4%”, avalia o presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior.
O executivo também reitera que como solução para o ambiente mais competitivo do setor e para melhorar a pressão nas receitas com tarifas e serviços, o banco busca aumentar sua base de correntistas. “A expectativa é positiva e o objetivo é alcançar os 2 milhões de clientes até o final do ano”, diz.
O Bradesco é o segundo grande banco a divulgar seus resultados referentes ao terceiro trimestre. Na quarta, o Santander divulgou crescimento também de 19% em seu lucro líquido, a R$ 3,7 bilhões.
A carteira de crédito da instituição somou R$ 578,3 bilhões — crescimento de 10,5%. A alta veio principalmente pelo avanço de 19% dos empréstimos voltados para pessoas físicas, que totalizaram R$ 221,4 bilhões. Dentre as linhas oferecidas, os maiores destaques ficaram com crédito pessoal, consignado e financiamento de veículos, que subiram 36,2%, 24,1% e 21,4%.
Da parte dos recursos voltados para pessoas jurídicas, o Bradesco continua a sinalizar o maior foco em micro, pequenas e médias empresas. O segmento avançou 8,3% no período, para R$ 106,5 bilhões, enquanto o montante cedido para as companhias de grande porte subiu 4,8%.
O ambiente mais competitivo e as contínuas reduções das taxas básicas de juros (Selic) também devem trazer uma redução do custo do crédito na ponta. “Os spreads [diferença entre o custo de captação e as taxas de juros] já estão caindo e devem continuar nessa trajetória, precificando o ambiente de risco menor. É natural”, avalia o diretor de relações com o mercado do banco, Carlos Firetti.
Já índice de inadimplência que mede os atrasos acima de 90 dias, apesar de ter ficado estável em 3,6% na comparação com o terceiro trimestre do ano passado, registrou o maior valor do ano. Ainda conforme informações do relatório, tal avanço é justificado pelo comportamento de casos pontuais na carteira de grandes empreendimentos.
O retorno sobre patrimônio líquido (também conhecido como ROAE) do Bradesco ficou em 20,2% no terceiro trimestre, avanço de 1,2 ponto percentual. No acumulado dos nove primeiros meses do ano, o índice ficou em 20,5%.
SEGURADORA
O lucro líquido do Grupo Bradesco Seguros, por sua vez, somou R$ 1,885 bilhão no terceiro trimestre, alta de 28,9% em relação a igual período de 2018. Os principais avanços vieram das modalidades de vida, PGBL e VGBL, saúde e capitalização.
Os prêmios ganhos de seguros, contribuição de previdência e receitas de capitalização totalizaram R$ 11,459 bilhões, alta de 6,9% no período. O índice de sinistralidade, porém, alcançou 74,2%, o maior nível desde o primeiro trimestre de 2018, quando estava em 75,1%.
Fonte: Folha de São Paulo