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“Não podemos aturar um governo ilegítimo”

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Esta semana realizamos uma entrevista com o presidente da Federação dos Bancários da Bahia e Sergipe, Emanoel Souza, que será um dos palestrantes do X Congresso Regional dos Bancários. Ele falou sobre impeachment, novas eleições e movimento sindical. Confira.

Em sua opinião, quais podem ser as consequências do impeachment da presidente Dilma para a classe trabalhadora? O que vivemos hoje no país é um golpe disfarçado de impeachment. Não é apenas contra a presidente Dilma, mas, principalmente um golpe contra a democracia e os direitos dos trabalhadores. Por trás dele está toda uma pauta regressiva represada no Congresso, a exemplo da terceirização e da prevalência do negociado sobre o legislado, que acaba na prática com a CLT. O programa do golpe, o documento “Uma ponte para o futuro”, explicita os objetivos de Temer, Cunha e Aécio de aplicarem um rigoroso ajuste neoliberal no país.

O Sr. concorda com a realização de novas eleições?
Pode vir a ser uma alternativa, afinal, caso o golpe se concretize em definitivo, não podemos aturar um governo ilegítimo. Mas, não podemos nos dar por vencidos ainda. Temos que continuar a pressionar o Senado, mesmo que haja o afastamento da presidente, e demonstrar a toda a população e, inclusive, à imprensa internacional, de que não há motivo para o impeachment, isso é golpe. Mas, o debate sobre a antecipação não pode ser descartado. Já há diversos setores se posicionando sobre o tema.

Qual a análise que o Sr. faz a respeito da atuação do governo, no que diz respeito aos ataques e à retirada de direitos dos trabalhadores nos últimos anos? Penso que nos últimos 13 anos o povo tem conquistado muitas vitórias, fruto de nossas lutas. Os governos Lula e Dilma trouxeram muitos avanços na melhoria de vida dos mais pobres com os programas sociais, mas tiveram muitas limitações. A maior delas foi não ter enfrentado, desde o início, as questões da reforma política, da democratização da mídia, da reforma tributária e avançado em ações estruturantes para o país.

Como o Sr. avalia a organização dos trabalhadores e a atuação dos movimentos sindicais neste momento de crise política? Como o movimento sindical deve se posicionar agora? O movimento sindical tem que se posicionar, como já vem fazendo, com força contra o golpe, em defesa da democracia e dos direitos trabalhadores. Esta história de que não devemos fazer política é coisa dos patrões. A FIESP está lá com seu “pato” apoiando o golpe. Os empresários de todos os setores que financiaram as eleições parlamentares estão no Congresso defendendo os seus interesses. Temos que mobilizar e discutir com os trabalhadores para ganharmos protagonismo na cena política e barrar as ameaças que se apresentam neste momento contra nossas conquistas.

As opiniões expressas na entrevista não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.

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