Nesta edição conversamos com o recém-eleito presidente da Federação dos Bancários da Bahia e de Sergipe, Hermelino Neto, sobre a conjuntura para os trabalhadores e as perspectivas de luta.
Qual o papel da Federação na organização dos trabalhadores neste momento de intensos ataques e retiradas de direitos? A Federação tem um papel muito importante neste cenário. A presença da FEEB/Ba-Se em suas bases, através do seu processo de interiorização e aproximação com as entidades, é fundamental para contribuir e organizar os sindicatos em um grau de unidade eficiente para enfrentar os problemas. Nosso papel é o fortalecimento da unidade e participação da categoria nos enfrentamentos. Construir ações que possibilitem aos sindicatos uma atuação com seus associados que de fato possa ter um resultado.
Como a categoria pode fortalecer a unidade na luta pela manutenção e conquista de direitos? Nós vamos enfrentar agora esse desafio. Depois da reforma trabalhista sabemos que os banqueiros vão tentar retirar direitos. Agora eles podem nos ameaçar e tentar investir na retirada de direitos de forma ainda mais direta. Hoje (12), estamos em São Paulo, participando da reunião do comando para discutirmos melhor as nossas ações, mas com a certeza de que a resistência é fundamental. Nossa categoria tem uma convenção coletiva muito rica, é referência na América Latina, então isso ajuda e faz com que aumente a nossa responsabilidade em manter todas essas conquistas. Temos na base da nossa Federação a gratificação semestral nos bancos privados, por exemplo. Isso nós temos que assegurar para aposentadoria. Não vamos abrir mão de nenhuma conquista, vamos encarar isso com muita firmeza, com muita tranquilidade, mas com muita garra e muita segurança de que a categoria tem que estar mobilizada para esse tipo de enfrentamento.
Quais os desafios que estão colocados para a próxima gestão diante da reorganização do mundo do trabalho em um momento de intensificação da exploração? Nós avançamos e construímos um debate muito bom no que diz respeito à organização da juventude. Temos hoje um canal muito eficiente em relação à comunicação e conseguimos dialogar melhor com os sindicatos após termos estruturado a nossa imprensa. Nosso departamento de gênero também avançou, com a realização do encontro de mulheres. A nossa participação no Comando Nacional é muito positiva e referência. Agora nós vamos enfrentar um momento muito delicado, com o fim do imposto sindical, os ataques aos direitos dos trabalhadores, precarização do trabalho, um aumento significativo no número de pessoas adoecidas, inclusive com problemas psíquicos. Então, estamos em um momento extremamente complicado, e a unidade vai fazer com que a gente encontre saída. Existe uma questão também que apontamos, essa saída ela não pode ser no campo sindical. Nós entendemos ser importante a Federação discutir também a questão institucional, ou seja, eleger também um presidente ou uma presidenta da República que tenha compromisso com os trabalhadores e eleger também uma bancada de parlamentares ligados aos trabalhadores, de partidos de esquerda que possam reverter todas as mazelas criadas nesse governo ilegítimo do golpista Temer. O nosso compromisso é com candidatos comprometidos com os trabalhadores e que defendam revogar as reformas de Temer.
O 14º Congresso realizado neste último final de semana, além de eleger uma nova diretoria, aprovou um plano de ações para o próximo período, qual será a centralidade das ações? Nosso trabalho vai manter as políticas que já vinham sendo tocadas, buscando a valorização do trabalhador, o fortalecimento da política da juventude, de gênero e, também, nossa interlocução com os sindicatos. É fundamental que isso se amplie e continue. A nossa interiorização neste mandato vai apontar para uma maior presença da Federação nos sindicatos. Nós vamos ficar atentos a todas as questões, saber buscar respostas para as questões jurídicas, tentando buscar formas legais de nos expressarmos nas questões colocadas. Vamos fortalecer o Departamento de Saúde, com mais reuniões e encontros sobre adoecimento bancário. Nós vamos aprimorar o que já temos nesse sentido. Vamos ver de que forma serão realizados nossos próximos encontros e manter o Fórum dos Presidentes, que não está em nosso estatuto, mas é extremamente importante para a organização dos sindicatos.
As opiniões expressas na entrevista não refletem, necessariamente, o posicionamento da diretoria do SEEB/VCR.