Com o afastamento de Dilma Rousseff, Michel Temer assumiu a presidência da República. O presidente interino já começou seu programa de governo compondo uma equipe conservadora, formada apenas por homens brancos, excluindo explicitamente mulheres e negros do grupo. A ausência de representatividade das minorias reflete um recuo no campo social, e pode trazer sérias consequências para os direitos conquistados após uma história de lutas.
Além do conservadorismo, o que chama a atenção no perfil do novo ministério é o número de representantes citados na Operação Lava Jato. Sete ministros estão envolvidos, segundo informações e depoimentos colhidos nas investigações. Romero Jucá (PMDB-RR), indicado para o Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, é investigado por ter recebido doações da UTC Engenharia, em 2014, para a campanha do seu filho a vice-governador de Roraima. Romero também é investigado no Supremo Tribunal Federal por envolvimento na compra de medidas provisórias.
Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), da Secretaria de Governo e ex-ministro de Lula, foi citado na Lava Jato por atuar de acordo com interesses da construtora OAS. Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do Ministério do Turismo, foi ministro no governo Dilma, e é suspeito de receber propinas da OAS em troca de favores no Legislativo. O envolvimento dos dois ministros está sendo investigado a partir de mensagens de celular, apreendidas pela Operação.
Mendonça Filho (DEM-PE), que assumiu o Ministério da Educação e Cultura; Raul Jungmann (PPS-PE), ministro da Defesa; Bruno Araújo (PSDB-PE), ministro das Cidades e Ricardo Barros (PP-PR), que assumiu o Ministério da Saúde, são citados na lista da Odebrecht, apreendida pela Polícia Federal na sede da construtora, em março.
Além disso, dinheiro de empresas envolvidas na Lava Jato foi utilizado na campanha de 12 dos 13 ministros nomeados, nas eleições de 2014. Os recursos foram repassados legalmente e declarados à Justiça Eleitoral.
Mudanças que afetam a população
Na última segunda-feira (16), o ministro da Saúde, Ricardo Barros, que recebeu doações de planos de saúde, afirmou que o tamanho do SUS precisa ser revisto. O programa do governo Temer também inclui uma ofensiva aos direitos dos trabalhadores, a exemplo da proposta de idade mínima para a aposentadoria, não inferior a 65 anos para os homens e 60 anos para as mulheres. De acordo com o programa “Ponte para o Futuro”, esta mudança pode ocorrer de forma progressiva.
Para a diretora Representante na Federação, Sarah Sodré, é importante que os brasileiros estejam atentos às mudanças e prontos para a luta em defesa dos seus direitos. “Os trabalhadores devem ficar em alerta para que os direitos trabalhistas não sejam retirados de forma sorrateira, para que Projetos de Lei não sejam aprovados sem que haja um debate com ampla participação da população. Não somos meros espectadores, somos titulares de direito”, conclui.
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