Radialistas da cidade utilizam espaço de comunicação para debochar e disseminar falsas informações contra bancários de Conquista
Neste final de semana o Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região tomou conhecimento sobre a declaração de radialistas da Band no Jornal BandNews. No áudio os apresentadores tratam com deboche o cansaço das bancárias e bancários.
O que mais chama atenção na prática desses comunicadores é a falta de conhecimento sobre o que estão tratando. Jogam nas costas dos trabalhadores uma responsabilidade que cabe aos bancos. As filas enormes nas agências bancárias, inclusive nos bancos privados, é reflexo de uma política de sucateamento onde os banqueiros, enquanto enchem seus bolsos com lucros cada vez mais altos, seguem demitindo e fechando unidades de atendimento.
Uma pesquisa da Federação de Associações de Funcionários da CEF -Fenae, junto com a Universidade de Brasília, apontou que mais da metade dos empregados da Caixa entrevistados (53%) sofreu assédio moral. O levantamento também mostrou que 20% dos trabalhadores ativos da Caixa apresentam depressão ou ansiedade. E 47% dos bancários já tiveram conhecimento de algum episódio de suicídio entre colegas.
No Banco do Brasil, só no início deste ano foram reduzidos 5 mil postos de trabalho por meio de um Programa de Demissão Voluntária. No ano de 2018 já se apontava uma lacuna no quadro de funcionários de mais de 10 mil pessoas. Na Caixa esse déficit já chega a 17 mil. O último concurso realizado para esses bancos foi em 2014.
A rotina de trabalho nas agências é adoecedora antes mesmo da pandemia. Dados obtidos no INSS revelam que de 2009 a 2017, a quantidade de trabalhadores de bancos afastados por transtornos mentais cresceu 61,5%, e o total de afastados aumentou 30%. A principal causa desse adoecimento é a cobrança de metas abusivas.
Qual a realidade dos banqueiros?
Em uma pesquisa breve na internet facilmente pode ser encontrada a informação de que em 2020 os cinco maiores bancos do Brasil tiveram o lucro de R$79,3 bilhões, enquanto demitiram mais de 14 mil trabalhadores, segundo o Dieese. Com isso, quem precisa do atendimento bancário no Bradesco, Itaú, Banco do Brasil, Caixa Econômica e Santander tem enfrentando filas cada vez maiores, tudo isso em decorrência da redução do quadro de funcionários.
O serviço tem aumentado a cada ano para garantir lucros cada vez mais altos e o número de pessoas para atender a demanda só diminui. Segundo o Dieese, os bancos extinguiram 78.155 postos de janeiro de 2013 a outubro de 2020. Neste mesmo período, foram registradas 303,7 mil demissões e 225,5 mil contratações. Por outro lado, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – Idec, as tarifas bancárias aumentam até 393% em um único ano.
Essa é uma matemática que só favorece os banqueiros, clientes e bancários têm pagado caro por um serviço cada vez pior.
Nos bancos públicos essa condição piora quando o governo decide colocar a corda no pescoço das empresas estatais para privatizar a preço de banana. Essa é a realidade que temos vivenciado no Brasil. A Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Banco do Nordeste se mostram importantes instituições financeiras que cumprem o papel de movimentar a economia, além de cumprir um papel social fundamental para diminuir a desigualdade social em nosso país. São os bancos públicos que financiam projetos de desenvolvimento social no campo e na cidade e ainda conseguem obter lucro.
Mesmo em um cenário como esse, o governo insiste em dizer que empresas como essas não oferecem lucro e precisam ser vendidas. Só no primeiro trimestre deste ano o Banco do Brasil apresentou um lucro de R$5 bilhões. Como não consegue justificar a privatização por meio de números, os governos buscam sucatear o serviço oferecido à população para que a mesma acredite na necessidade da privatização.
Nos últimos anos a Caixa Econômica e Banco do Brasil têm sido alvo de muitos processos de reestruturação que têm reduzido o número de funcionários nas agências. A pandemia deixou muito clara a importância do banco público principalmente em processos de crise. Nenhum banco privado foi responsável por uma política social que impactasse na redução da desigualdade. Foram as trabalhadoras e trabalhadores da CEF que atenderam mais de 68 milhões de brasileiras e brasileiras que precisaram do Auxílio Emergencial do governo. Atendimento que só foi possível por uma jornada de trabalho que se estendeu aos sábados e feriados.
Respeito a quem trabalha e luta para mudar a realidade
Neste cenário devastador para quem está de pé trabalhando todos os dias, repudiamos a postura destes profissionais de imprensa que desrespeitam o cansaço do trabalhador sobrecarregado e adoecido. Se agigantam para atacar os trabalhadores, mas se acovardam quando precisam enfrentar os verdadeiros responsáveis pelas filas e demora no atendimento.
Se hoje o público tem um serviço ruim, a responsabilidade é dos banqueiros e do governo federal que não se prestam a oferecer uma estrutura de qualidade para receber os clientes nas agências, que não contratam a quantidade de trabalhadores necessária para atender as demandas diárias.
Convidamos a população a se indignar contra esses que estão rindo de nossa desgraça com os bolsos cheios. E mais do que isso, convidamos a população a apoiar a luta da categoria bancária por mais contratações para que todas e todos tenham um atendimento digno.