O Brasil vive uma crise profunda já há alguns anos. O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu apenas 1% em 2017, na primeira alta após dois anos consecutivos de retração.
Falta emprego para 27,7 milhões de brasileiros. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) trimestral, divulgada na quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 13,7 milhões de desempregados, 6,2 milhões de subocupados e 7,8 milhões de pessoas que poderiam trabalhar, mas desistiram porque já não conseguem mais procurar emprego. Assim, a taxa de desemprego/subutilização da força de trabalho ficou em 24,7% no primeiro trimestre de 2018, a maior da série histórica da Pnad Contínua, iniciada em 2012. O contingente de subutilizados também é o maior já registrado pela pesquisa.
Nesse cenário de caos, somente uns poucos ganham, e muito! É o 1% da população para quem nunca há crise. Levantamento da consultoria Economatica aponta que, nos últimos 12 meses até julho, a média do ganho dos acionistas com dividendos e juros sobre capital próprio foi a maior desde 2010.
Por lei, as empresas com ações em bolsa precisam distribuir, no mínimo, 25% do lucro para os acionistas. No entanto, muitas delas, como as de energia e instituições financeiras, distribuem ainda mais. O Itaú Unibanco, por exemplo, paga pelo menos 35% do lucro aos acionistas. E este ano vai pagar ainda mais: um “superdividendo” de 70,6% do lucro anual da instituição em 2017 (R$ 17,6 bilhões) – o maior montante já distribuído em um ano por uma empresa brasileira de capital aberto.
“Os bancos lucram muito. Os acionistas ficam contentes com isso. Mas, e como fica a vida dos bancários? Os principais responsáveis por esse resultado estrondoso, pressionados a cumprir metas abusivas que adoecem e têm custos enormes para a vida desses trabalhadores, de suas famílias e para toda a sociedade”, afirma a presidenta da Contraf, Juvandia Moreira. “A mesma sociedade que paga impostos sobre o salário, a renda, sobre cada produto que compra, enquanto uma lei da era FHC permite que esses acionistas não paguem nada sobre essa montanha de dinheiro que recebem”, critica.
“O custo que a sociedade paga pelo alto lucros dos bancos no Brasil é altíssimo, enquanto os poucos milionários se dão bem. Esse não é o sistema financeiro que a gente quer. É preciso promover mudanças para impedir que o lucro deles seja resultado do massacre da sociedade e para que, quem ganha tanto, pague mais impostos e ajude a financiar o crescimento do Brasil, para todos”, concluiu a presidenta da Contraf.