O tema da violência contra a mulher tem ganhado espaço nas discussões. O assunto é recorrente e os números são estarrecedores: somente na Bahia foram registrados quase 10 mil casos no primeiro trimestre deste ano, entre homicídios, tentativa de homicídios, lesão corporal, estupro ou ameaça. O dado mais chocante é saber que o agressor na maioria das vezes é algum familiar, vizinho, alguém que venha a ter algum vínculo afetivo com a vítima, algo que torna ainda mais difícil superar o trauma, vencer a vergonha, o medo e buscar por justiça.
A violência de gênero é injustificável. A Lei Maria da Penha veio para ajudar a desconstruir essa cultura patriarcal onde “briga de marido e mulher não se mete a colher”, contudo, o tema ainda precisa ser abordado desde a escola, para que o machismo deixe de ser encarado com naturalidade.
O estado também precisa fazer a sua parte. A Bahia possui apenas 15 delegacias especializadas no atendimento à mulher, as quais sofrem com falta de estrutura, déficit de funcionários e falta de capacitação de pessoal, comprometendo dessa forma o atendimento de mulheres em situação de violência.
Sabemos que a mudança cultural precisa de tempo para acontecer, porém o mais importante é que hoje grande parte das mulheres já se reconhecem enquanto parte da luta por igualdade e apoiam os movimentos feministas. É certo que a luta pela emancipação das mulheres deve tê-las como protagonistas. Porém, precisa ser entendida como uma luta de homens e mulheres, de todos e todas que acreditam que é possível construir uma sociedade muito melhor do que essa em que vivemos.
Por Sarah Sodré
Diretora Representante na Federação