Foi lamentável o espetáculo promovido pelos deputados na votação do pedido de abertura de impeachment, com vários acusados de participar de esquemas criminosos votando em nome suas famílias, inclusive o comandante do processo. Eduardo Cunha, no entanto, é fruto de um sistema corrompido dos erros do PT e dos partidos que o apoiaram, e também do cinismo da oposição tucana. Vale lembrar que ele recebeu o apoio de todos os líderes partidários, do PT ao PSDB, quando negou a acusação de ter contas na Suíça.
As empreiteiras, os banqueiros, a indústrias automobilísticas e o agronegócio, que sempre contaram com as benesses do estado, mesmo no governo Lula, não aceitaram quando a crise iria reduzir a sua participação na divisão das verbas públicas e, ao lado do vice-presidente que foi eleito com Dilma, convocaram os partidos de aluguel que faziam parte da base de apoio ao governo e aprovaram o início do impeachment.
Para impedir o que chama de golpe ou para aprovar o impeachment, a tática usada foi a mesma dos dois lados: a promessa de distribuição de cargos públicos e verbas federais. Sem o respaldo popular golpeado pela crise econômica e pelas medidas contrárias aos trabalhadores, o governo não conseguiu mobilizar a população para ir às ruas em sua defesa, o que ficou restrito apenas aos militantes de movimentos sociais e sindicais.
A presidente que começou o mandato com mais de 350 deputados na sua base sofreu uma derrota por ampla maioria. O jogo continua agora no Senado e poderia ter o apoio das ruas se os trabalhadores fossem motivados por perspectivas de mudanças, com reformas no sistema eleitoral, na política econômica e social, e garantia da manutenção dos direitos. Está provado que só os trabalhadores organizados e unidos podem defender seus direitos e conquistar melhores condições de trabalho independente de quem esteja no poder.
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