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POR QUE SOU CONTRÁRIA À CRIAÇÃO DO NOVO BANCO ELO

Fomos surpreendidos com uma notícia divulgada pela imprensa, no dia 26 de novembro. O Banco Central autorizou a criação de um novo Banco que será denominado Banco ELO, controlado pelo BB e pelo Bradesco. O BB terá 49,99% da participação acionária. Caso ultrapassasse 50% das ações, o novo Banco teria obrigações inerentes às empresas com maioria de capital da União: prestar contas ao TCU, efetivar contratações exclusivamente por concurso e abster-se de demitir sem justa causa. Mas, com 49,99% de participação pelo BB, o novo Banco está isento de vários mecanismos de controle.

Desde o início do meu mandato tenho feito alertas sobre as sucessivas parcerias entre  BB e Bradesco. Os acordos começaram  em 1995 com a criação da antiga Visanet. A CIELO foi a sucessora da Visanet e passou a ser administrada em conjunto pelo BB e pelo Bradesco. Somente no primeiro trimestre de 2015, a bandeira operou com R$ 126,5 bilhões. No grupo CIELO, há empresas que atuam em várias áreas, desde captura de dados de pagamentos até a automação de pagamentos no setor de saúde. Orizon, Braspag, Caetano são algumas empresas que fazem parte do grupo CIELO.

Em nota recente sobre o desastre de Mariana, já havia alertado sobre outra parceria na empresa que controla a Vale. O capital da Valepar é dividido da seguinte forma: 58,1% pelos fundos de pensão, no qual a Previ é a que tem maior participação; 17, 1% do Bradespar, empresa criada pelo Bradesco; 15% do Mitsui, empresa com sede nos EUA que atua em várias mineradoras do mundo e 10% do governo, através do BNDESPAR. O CA da Vale é composto, na sua maioria, por executivos indicados pelo  Bradesco e pela PREVI, cujo presidente é indicado pelo BB.

Após a posse de Joaquim Levy, ex-diretor do Bradesco, no Ministério da Fazenda, a relação  com o BB ficou ainda mais próxima. Hoje, o presidente do Conselho de Administração do BB é o ex- diretor da Bradesco Veículos, Tarcisio de Godoi.

As recentes denúncias sobre o envolvimento do Banco BTG Pactual revelaram as pesadas cifras que os Bancos privados contribuem para as campanhas eleitorais. Como sempre dizemos, isto só ocorre porque os bancos têm sido os grandes beneficiados com a política econômica, através do mecanismo da dívida pública, em especial com a elevação dos juros.

E esta constante parceria com o Bradesco indica que a estratégia do governo Dilma não é o fortalecimento do BB ou polo público do sistema financeiro. Qual o sentido de um banco público se aliar com a segunda maior  instituição privada do país?

Sabemos que o ‘novo’ Banco começa a operar apenas com o setor de baixa renda, mas não vai parar por aí. O que está em risco é a manutenção dos nossos empregos.

Mais do que nunca é importante lutarmos para que o BB atue como banco público. Do contrário, fará pouca diferença para os trabalhadores se ele continua, ou não, controlado pela União. A única possibilidade de que tenhamos a população do nosso lado, é caso consigamos demonstrar que os funcionários do BB lutam por um Banco verdadeiramente público.

 

Fonte: julianacaref.com.br

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