Paulo Sérgio Martins, diretor de Formação Sindical do Sindicato dos Bancários e Financiários de Bauru e Região, filiado à Central Sindical e Popular – CSP Conlutas, na entrevista desta semana traça um paralelo entre a reeleição da presidente Dilma e a situação dos trabalhadores.
Reeleição da presidente Dilma, o que o trabalhador pode esperar para este novo mandato? Infelizmente, o movimento sindical está esperando é muita luta devido à situação que há de vir com a recessão. Sabemos muito bem que há várias propostas e reformas sendo mencionadas para o novo mandato de Dilma e, provavelmente, não será nada satisfatório para o povo. Se tivesse que mudar alguma coisa, teria mudado durante os quatro anos em que ela esteve na presidência. Vimos que as mudanças foram planejadas para agronegócios, banqueiros e grandes empresários. Mas o trabalhador se manteve na corda bamba, com demissões e uma situação econômica pesando cada vez mais para o seu lado.
Teremos finalmente a oportunidade de discutir o fim do fator previdenciário, já que outros candidatos à presidência assumiram este compromisso? Tanto a Dilma quanto o Aécio não colocaram o que poderia ser feito, sempre querendo mudar, trocar, mas sem propostas. Nós sabemos que, qualquer que seja a troca, quem vai perder é o trabalhador. Nesse pacote de reformas do novo mandato, deve estar sendo levantada discussão sobre o fator previdenciário novamente. Para os trabalhadores, nós observamos que não haverá favorecimentos.
A redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, bandeira antiga dos trabalhadores, terá expectativa de ser regulamentada? Seria muito importante, devido à situação do emprego no país. Hoje, cada vez mais, vemos ser canalizado o tratamento do trabalho formal ao trabalho terceirizado, sem quaisquer garantias. Isso precisa mudar. Se houver a redução da jornada legalizada, claro, sem redução de salário, com certeza haverá de se empregar muito mais. Uma jornada menor é garantia de mais vagas de emprego e de valorização do trabalhador. Mas parece que não há muita vontade de mudar, as políticas são mais voltadas à precarização que a qualquer tipo de melhoria à condição do trabalho.
Qual o reflexo do fortalecimento dos bancos públicos, assunto recorrente nos debates presidenciáveis? Se a gente for pegar pelo Banco do Brasil, que hoje tem 30% do seu controle nas mãos de investidores internacionais, – e é provavelmente o que pode acontecer até mesmo com Caixa Econômica Federal, que por enquanto mantém 100% do seu capital público -, há drásticas mudanças internas. A reestruturação, feita por banqueiros do país e de fora também, quer pegar esse espaço de atuação pública, pois há muito dinheiro envolvido.
Quanto à organização dos trabalhadores, como deve ser estruturado o movimento da classe? Pegando como exemplo as manifestações do ano passado, com certeza no ano que vem teremos força para muitas lutas. O trabalhador tem experiência com o Governo, e viu onde foram feitos os investimentos econômicos. Questões pelas quais lutamos há muito tempo, desde outros governos, não avançaram. Teve, sim, melhorias sociais importantes, mas há reivindicações dos trabalhadores sendo deixadas de lado. Precisamos nos manter em luta, buscando as melhorias que merecemos.