A pandemia do Coronavírus tem revelado diversas contradições do atual sistema de produção. O risco de adoecimento eminente nas ruas levou a uma reorganização mundial, com alguns países respeitando a vida e outros escolhendo salvar o lucro dos patrões à custa de qualquer coisa. Infelizmente a realidade escolhida pelo governo de Jair Bolsonaro para o povo brasileiro tem sido a segunda.
Para as trabalhadoras e trabalhadores bancários o cenário é ainda mais tenebroso. Com o desrespeito à necessidade do isolamento social, para reduzir o número de mortes, as funcionárias e funcionários do setor bancário além de seguirem trabalhando continuam sofrendo com a cobrança de metas abusivas.
Em denúncias recebidas pelo Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região, bancárias e bancários da Caixa Econômica Federal estão sendo expostos a frequente cobrança de produtividade, com relatórios diários, estímulo à competição entre colega e perseguição dos gestores por resultados. Neste momento de pandemia, com insegurança sanitária e econômica, tal situação tem agravado processos de adoecimento físicos e mentais tanto para quem está trabalhando na agência, quanto para quem está em home office.
Trabalhadores da CEF e pandemia
Desde o início da pandemia a categoria bancária tem lutado para garantir que seus direitos sejam respeitados e tenham boas condições de trabalho. Entre as conquistas está o trabalho home office para pessoas do grupo de risco ou que residem com pessoas que possuam riscos. Apesar do avanço, a CEF não tem garantido o mobiliário necessário para o trabalho em casa, aumentando o risco de adoecimentos osteomusculares. Nacionalmente a categoria é uma das principais acometidas por essas doenças.
Para o quem continuou no atendimento presencial a exposição diária e as grandes filas se tornaram realidade. Com o pagamento do Auxílio Emergencial desorganizado por parte do governo e centralizado em um único banco, além do número de trabalhadores reduzidos resultou em um conta impossível de fechar. O que tem sido possível presenciar são as extensas jornadas de trabalho.
Sem uma mudança substancial do cenário de risco pandêmico, a gestão do banco já indicado o retorno ao trabalho presencial. Sob pressão, tem sido cobrado das e dos trabalhadores uma declaração que isenta o banco de responsabilidade quanto a saúde de seus funcionários.
A importância dos bancos públicos durante a pandemia
A necessidade do isolamento social lembrou aos patrões que quando o trabalhador não produz, ele não aumenta seus lucros. É por isso que o isolamento social tem sido negado por Jair Bolsonaro e sua corja.
Diante do atual cenário sanitário, diversos países, em busca de preservar a vida têm se reorganizado economicamente para garantir a manutenção dos empregos e qualidade de vida digna para a classe trabalhadora. E é nesse momento que a importância dos bancos públicos para uma nação se torna pauta central, pois são esses os bancos que poderão priorizar o investimento social e oferecer menores taxas de juros.
Uma realidade ideal, completamente diferente da que tem sido vivenciada no Brasil. O governo genocida de Jair Bolsonaro não apenas nega políticas públicas para amenizar a situação caótica, como tem aproveitado o momento para sucatear e entregar as riquezas do povo brasileiro a preço insignificantes para o setor privado.
Em levantamento do Brasil de Fato, foi observado que apenas a dívida de mil empresas com a União pagaria o Auxílio Emergencial por 14 meses. Enquanto isso o governo segue ignorando os verdadeiros sanguessugas da economia brasileira e segue negando investimento nas empresas públicas e piorando ainda mais as condições de trabalho.
Antes mesmo de se iniciar esse cenário mundial, a gestão da CEF iniciou mais um processo de reorganização que envolveu fechamento de setores e agências. Mais um projeto de reestruturação que aumenta a sobrecarga de trabalho.
“A Caixa Econômica vem cumprindo o desafio de atender mais de 50 milhões de brasileiros em suas agências e por meio dos canais digitais para o pagamento do auxílio emergencial. Essa ação que tem a frente bancárias e bancários da CEF evidenciou a importância do papel social do banco. Porém, a face mais perversa desse cenário tem sido o abuso na cobrança de metas abusivas para trabalhadores que estão na agência e home office. Essa ganância por metas nesse momento revela a falta de responsabilidade social de alguns diretores do banco. Fica claro também a necessidade da Caixa contratar mais trabalhadores, pois a redução do quadro nos últimos anos tem pesado para quem está na ativa, principalmente com essa nova demanda do auxílio. É preciso que a Caixa mantenha o seu papel social como prioridade nesse momento tão adverso para preservar a vida da população e do seu quadro de funcionários”, avalia Leonardo Viana, presidente do SEEB/VCR.