Nem a crise econômica e social, a incerteza política, o desequilíbrio fiscal ou a greve de caminhoneiros atrapalharam o lucro dos bancos. Enquanto o setor produtivo definha, lançando mais e mais brasileiros no desemprego, o financismo – totalmente desconectado da economia real – continua a acumular ganhos exorbitantes. O lucro líquido dos quatro maiores bancos do país, no período entre abril e junho passado, foi de R$ 18 bilhões, 13,5% maior que em igual período de 2017.
No primeiro trimestre, o resultado combinado das quatro maiores instituições – Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco e Santander Brasil – já havia sido de R$ 17,4 bilhões, uma alta de 11,4% em 12 meses. Isso significa que o lucro dos bancos alcançou R$ 35,4 bilhões na primeira metade do ano. Para se ter uma ideia do que representa esse valor, o orçamento do Bolsa Família para 2018 é de R$ 28,7 bilhões.
Num momento em que o crédito a empresas ainda não se recuperou, de acordo com o jornal Valor Econômico, o bom resultado dos bancos está apoiado no crédito a pessoa física, onde os juros cobrados são estarrecedores. Um exemplo são os juros do cartão de crédito rotativo da modalidade “não regular” para pessoa física. Em maio, ficaram em 346,1% ao ano.
“O crédito a pessoas físicas tem spreads mais elevados que as operações com empresas, o que ajudará os bancos a sustentar suas margens financeiras e compensar o impacto negativo decorrente da queda da Selic”, diz o Valor.
Significa que, apesar de o Banco Central ter baixado a taxa básica de juros – que serve de referência para a economia brasileira -, os bancos, com seus negócios cada vez mais centralizados e oligopolizados, não têm repassado a baixa para seus empréstimos à população.
Outra fonte de lucro às custas do brasileiro são as tarifas cobradas pelos bancos. Pesquisa do Procon-SP mostra que, entre junho de 2017 e junho de 2018, bancos aumentaram em até 102,53% o custo das tarifas de serviços, caso do serviço de Cartão de Crédito Básico – Pagamento de contas, do Bradesco.
Segundo o levantamento, as instituições reajustaram em até 25% o preço cobrado pelos serviços atrelados às contas-correntes, como saques, extratos e transferências entre contas do mesmo banco. Os reajustes são, pelo menos, cinco vezes superior à inflação oficial do período, que ficou em 4,39%, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Fonte: Portal Vermelho, com agências.