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“Quem está pagando por essa crise é o trabalhador”

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Nesta edição, conversamos com o professor da Uesb, Marcos Antônio Tavares Soares, doutorando em Economia, ex-diretor e membro da base da ADUSB, sobre questões ligadas à política, educação, e a crise econômica.

SEEB/VCR – O Sr. acha que diante do cenário atual o Brasil pode ser considerado uma pátria educadora?

Marcos Tavares – Não, inclusive porque neste ano o ataque à educação se concretiza. A expressão disso é a greve das universidades federais, e também dos institutos federais como o IFBA, que já saiu sem nenhum avanço na sua pauta. No caso das universidades, elas continuam em greve há mais de três meses sem nenhum avanço. Sem falar no ataque também ao cortar recursos. Infelizmente estamos longe de ser uma pátria educadora.

SEEB/VCR – O Brasil adotou o ajuste fiscal e a redução de investimentos para sair da crise. Qual o caminho que o Sr. apontaria para modificar esta situação?

Marcos Tavares – O governo teria que ampliar o investimento direto na economia, estimular a ampliação da formação bruta de capital, o investimento via empresa, mas também o próprio investimento por parte do estado. O estado vive hoje uma paralisia, reduzindo os investimentos públicos na economia e também, com a crise da Lava Jato, as estatais, a exemplo da Petrobrás, têm investido menos. Há um impacto muito grande nos investimentos públicos por causa da crise política. Tudo isso tem um efeito que leva à recessão da economia, e o que é pior, vivemos uma recessão com inflação, que é ainda mais grave. Seria necessário adotar medidas contra este ciclo de recessão, valorizando os salários, expandindo o emprego e expandindo também as políticas sociais.

SEEB/VCR – Quem está pagando pela crise instalada no Brasil?

Marcos Tavares – Quem está pagando por essa crise é o trabalhador, basta ver as medidas que foram tiradas recentemente (com exceção do aumento de impostos para os bancos) todas as outras foram para aumentar impostos que recaem sobre os trabalhadores. É preciso que o governo adote medidas que venham a impactar diretamente sobre o empresariado, o capital financeiro especulativo e as grandes fortunas. O governo não está avançando neste sentido.

SEEB/VCR – A corrupção no país tem sido sistêmica nos governos, mesmo após a queda da ditadura militar e o estabelecimento da democracia. Os acordos partidários servem apenas para a manutenção do poder pela elite. Quais os rumos que podem ser tomados para que haja uma mudança?

Marcos Tavares – Uma das portas de entrada da corrupção é o financiamento empresarial de campanha, que acabou de ser legitimado pelo Congresso. O capital continua bancando os políticos, e esses políticos têm um compromisso com as empresas que estão financiando suas campanhas. Seria preciso mudanças extremamente fortes e representativas. Uma reforma política de fato, que atenda aos anseios dos trabalhadores. Os partidos que hoje estão no Congresso, salvo raríssimas exceções, apontam no sentido contrário, privilegiando a classe dominante. Para que ocorra mudança, é preciso a organização dos trabalhadores, a ocupação dos espaços públicos, ir para as ruas, e organizar uma greve geral, para começar a reverter esse quadro deletério que a sociedade brasileira vive.

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