Um grande diferencial do 6º Encontro das Bancárias da Bahia e Sergipe, realizado no sábado (25/11), em Salvador, foi a qualidade das exposições e dos debates, que trouxeram informações relevantes para o dia a dia das bancárias, seja no trabalho ou no ambiente doméstico. As palestrantes Tatiana Rossini, Suzivane Vieira de Andrade, Débora Pereira e Marcela Azevedo foram as responsáveis pelo sucesso do evento.
Na parte da manhã, após uma mesa de abertura repleta de lideranças sindicais, a advogada especializada em direitos trabalhista Tatiana Rossini fez uma exposição sobre os direitos presentes na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria, que contribuem para o bem estar das bancárias, como o auxílio creche, licença maternidade de 6 meses, com complementação salarial para que não haja perda da capacidade econômica, manutenção dos vales alimentação e refeição durante a licença maternidade, recebimento da PLR integral referente ao período da licença maternidade, além dos instrumentos de combate ao assédio sexual e de atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica.
“O movimento sindical bancário é responsável pela conquista de diversos direitos, que foram assegurados pela força da mobilização da categoria e que anualmente são ampliados, superando inclusive os direitos trabalhistas previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Neste cenário, as mulheres bancárias sempre protagonizaram grandes transformações no Brasil, especialmente, no que se refere à sua profissionalização e lutas por direitos”, acrescentou Tatiana Rossini.
Mulher, trabalho e violência doméstica
Na parte da tarde, as diretoras do Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc) Suzivane Vieira Andrade e Débora Pereira fizeram um resgate histórico da luta das mulheres para se inserir no mercado de trabalho e garantir salários justos, além de abordarem a questão do combate à violência doméstica. Logo em seguida, a gerente geral da Caixa Marcela Azevedo mostrou a experiência da união de um grupo de bancárias para garantia de igualdade de oportunidades no banco.
A escrivã da Polícia Civil e psicopedagoga Suzivane Viera Andrade foi a primeira a falar e fez um detalhado resgate histórico de como a sociedade patriarcal construiu uma visão de inferioridade da mulher, relegando sua atuação ao ambiente doméstico e desvalorizando sua força de trabalho desde os primórdios da humanidade. Situação que foi modificada parcialmente durante as guerras mundiais, quando as mulheres assumiram as fábricas, sem que houvesse uma mudança de pensamento sobre o valor do trabalho feminino, que continua tendo remuneração menor do que o dos homens até hoje.
“No Brasil, as mulheres são 53,3% da força de trabalho, mas ocupam somente 34% dos cargos de gerência e recebem, em média, o correspondente a 61,9% do salário dos homens. Nós somos submetidas a níveis de estresse maiores, pois a jornada de trabalho não se resume as 8 horas diárias, ela se estende 24 horas por dia ao longo de toda a nossa vida”, ressaltou Suzivane.
Dando seguimento à exposição, a investigadora Débora Pereira, fez um relato emocionante sobre como viveu em relacionamento abusivo com o ex-marido, sendo submetida a diversos tipos de violência e sobre a dificuldade de sair da situação, mesmo sendo uma policial civil. Ela falou também de como o apoio de outras mulheres foi fundamental para que ela conseguisse romper o ciclo e denunciar o agressor, podendo finalmente se tornar uma pessoa livre novamente.
Em sua fala, ela elencou os diversos tipos de violência que as mulheres sofrem, muitas vezes sem se dar conta e falou dos mecanismos disponíveis atualmente para denúncia da violência, como o Disque 180 e as Deams.
Com base em sua experiência, Débora instigou as mulheres a se manterem unidas, apoiando as outras, sem julgamento ou críticas, pois a falta de acolhimento é um dos principais motivos que impedem as vítimas de denunciarem a violência sofrida em seus lares.
A experiência das bancárias da Caixa
Encerrando os debates, a gerente geral da Caixa Marcela Azevedo mostrou a experiência do grupo formado por empregadas do banco, que se uniram para debater, refletir, propor soluções de boas práticas e se fortalecer para alcançar a equidade de gênero nas entidades associativas e funções de chefia em Salvador, onde trabalham.
Para alcançar seus objetivos, o grupo promove congressos de liderança feminina, workshops institucionais de liderança feminina, coloca o tema em pauta em reuniões de gestores de unidade, realiza mentoria para participação em banca de GGR e propõe cursos de capacitação para que as bancárias estejam aptas a participarem dos processos internos para promoção.
De acordo com Marcela, as ações já estão produzindo resultados práticos, com o aumento do número de mulheres em cargos de chefia em algumas unidades. O trabalho continua, pois a equidade ainda está longe de ser conquistada.
Fonte: feebbase