São Paulo – "Não espero que seja 2008 de novo. Não espero uma recessão global ou uma crise financeira".
Acredite se quiser, estão palavras são de Nouriel Roubini, economista americano nascido na Turquia e professor da NYU (New York University).
Um dos poucos a prever a crise de 2008, Roubini se tornou conhecido como "Dr. Desastre" (Dr. Doom em inglês) por geralmente estar do lado dos pessimistas.
Ele acredita que a volatilidade dos mercados neste início de ano é baseada em grande parte no medo que a China desacelere demais e perca o controle sobre sua moeda e seu mercado de ações.
"Minha visão é que a China terá um pouso atribulado e não forçado, com crescimento neste ano de 6% indo para 5%. Aqueles que dizem que é 4% indo para zero, acho que estão errando. Não percebem que o setor de serviços está crescendo numa velocidade muito mais rápida do que o setor de manufatura".
Outros riscos significativos que Roubini cita são o crescimento fraco nos Estados Unidos, a queda dos preços de petróleo e a confusão no Oriente Médio com o conflito entre Arábia Saudita e Irã.
Isso sem falar em tudo que pode dar errado em uma Europa que enfrenta terrorismo, crise de refugiados, a possibilidade de saída do Reino Unido da União Europeia e a ressaca generalizada com processos sucessivos de austeridade e resgate.
"Então de repente o mercado está ficando nervoso e faz uma correção. Se essa correção vai virar mesmo um mercado "bear" [com queda de preços] depende se estes choques são mais ou menos persistentes, primeiro, e segundo da resposta das políticas".
Roubini gostaria de ver uma política monetária mais relaxada nos bancos centrais da Europa, Japão e China, além de uma sinalização clara pelo Federal Reserve de que vai esperar mais para aumentar os juros novamente.
Nem todos os participantes de Davos compartilham dessa visão. O megainvestidor George Soros, por exemplo, está menos otimista com a China, como disse em entrevista para a Bloomberg:
"Um pouso forçado é praticamente inevitável. Não é algo que eu esteja esperando, é algo que eu estou observando".
Outros participantes se mostraram preocupados com o aperto na liquidez e com falta de arsenal dos bancos centrais para responder aos desafios de forma adequada.
Fonte: Exame