Home / Raça e Etnia / Comunidade Pataxó em Porto Seguro sofre ataque a tiros e tem casas destruídas

Comunidade Pataxó em Porto Seguro sofre ataque a tiros e tem casas destruídas

Na última sexta-feira (29), a comunidade Pataxó Itacipuera, situada na área rural de Sapirara, no município de Porto Seguro (BA), foi alvo de um ataque a tiros efetuado por seis homens encapuzados que invadiram o território indígena. Além de realizar os disparos, os invasores destruíram casas e queimaram objetos pessoais dos moradores. O ataque ocorreu por volta das 22h, momento em que parte das vítimas dormiam.

“Atiraram para tudo quanto é lado, tacaram fogo nas coisas da gente e botou todo mundo para correr”, relata Teresinha Neves dos Santos, uma das moradoras da comunidade e titular da escritura da terra que tradicionalmente ocupam. “Essa terra é uma herança do meu avô. Eu tenho a escritura com registro de 1956”, conta.

Apesar da escritura, o território indígena, de 131 hectares, foi sobreposto à matrícula da fazenda Itaquena, de propriedade de Moacyr Costa Pereira de Andrade, cônsul honorário – cargo voluntário e não relacionado à carreira diplomática – de Portugal em Porto Seguro. A data da matrícula da fazenda invasora é de 1979, posterior à data da escritura pertencente à família de Teresinha, de 1956. A matrícula informa ainda sobre uma área de 2.944,39 hectares de propriedade do cônsul.

A comunidade Itacipuera é formada por 16 famílias que reivindicam desde 2017 o direito de viver em suas terras. Em 19 de dezembro de 2023, foi executado o pedido de reintegração de posse da área, expedido pela Justiça estadual em Porto Seguro. Após a expulsão, no dia 27 de dezembro, os indígenas retornaram às suas terras, o que resultou no violento ataque empreendido contra a comunidade.

O ataque se deu à revelia de um acordo firmado entre indígenas de Itacipuera e invasores da terra. “Um acordo para não colocar policial, nem segurança nas nossas terras e eles concordaram”, contou a liderança, que chegou a ser levada coercitivamente para delegacia sob o pretexto de prestar esclarecimento por descumprimento da medida judicial.

Segundo Teresinha, esse é o segundo ataque sofrido nos últimos três meses. Ameaçados, os indígenas encontram-se fora de seu território. “Eles disseram que se voltássemos nos matariam”, denuncia a liderança.

No sábado (30), a Coordenação Regional da Funai realizou uma reunião com a comunidade de Itacipuera no local. O coordenador regional Aruã Pataxó informou que também foi feito contato com a Polícia Federal e Polícia Civil, solicitando a abertura de investigação e inquérito policial sobre o ataque sofrido pela comunidade.

* Com informações do CIMI.

Fonte: Brasil de Fato Bahia.

Veja Mais!

Consequências da abolição inacabada ainda permanecem na vida das pessoas negras

Após 137 anos da assinatura da Lei Áurea, negros ainda carregam sequelas de quase 400 …