Seis meses depois de Gilberto Occhi assumir o comando da Caixa, o governo Michel Temer fará uma grande dança das cadeiras nas 12 vice-presidências do banco estatal. Os nomes devem ser publicados nesta quinta-feira, 8, no Diário Oficial da União (DOU). O Estado apurou que as indicações atendem a pedidos do PMDB, PSDB, DEM, PR, PRB, PP e PSB.
Ainda na interinidade, Temer anunciou que barraria o aparelhamento político nas estatais e fundos de pensão. Ele suspendeu as nomeações com o argumento de que só seria nomeado "pessoal com alta qualificação técnica". No fim de junho, o presidente sancionou a Lei das Estatais, que estabelece regras mais rígidas para os dirigentes das estatais, como dez anos de atuação em cargos de empresas do setor ou quatro anos em companhias similares.
Braço-direito do presidente Temer, Roberto Derziê assumirá a vice-presidência de Governo, no lugar de Paulo José Galli. Derziê já foi vice-presidente de Operações Corporativas da Caixa, mas deixou o cargo em junho de 2015 para trabalhar como secretário-executivo do Temer, quando ele acumulou a articulação política, antes da presidente Dilma Rousseff cair.
Para o cargo de vice-presidente de Finanças e Controladoria, foi escolhido Arno Meyer, da equipe da Secretaria da Fazenda do governo tucano de Geraldo Alckmin, em São Paulo. Ele tem a confiança do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Eduardo Guardia, que também fez parte do governo Alckimin.
A indicação do vice-presidente de Riscos gerou atritos entre a equipe econômica e o núcleo político de Temer. O ex-ministro de Governo, Geddel Vieira Lima, defendeu o nome Paulo Henrique Ângelo Souza, superintendente regional da Caixa na baixada santista. O Ministério da Fazenda vetou o nome porque queria alguém com perfil mais técnico. A Pasta queria blindar a área do banco responsável pelo rigor no cumprimento dos acordos internacionais de exigência de capital, supervisionados no Brasil pelo Banco Central. A indicação, no entanto, foi bancada pelo deputado Pauderney Avelino (DEM-AM). O partido não tinha feito nenhuma indicação e o governo teve que ceder.
Na vice-presidência de Tecnologia da Informação, sairá Joaquim Lima de Oliveira para entrar José Antônio Eirado, que integra o governo do Distrito Federal na gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB). Ele já foi chefe do Departamento de TI do Banco Central e diretor da Infraero.
Para a vice-presidência de Operações Corporativas, sai Lucas José Palomero e entra Marcelo Prata, que conta com o apoio da senadora Rose de Freitas (PMDB-ES).
Alguns dos atuais vice-presidentes vão ser mantidos nos cargos com as bênçãos dos partidos da base. São os casos de Marcos Fernando Fontoura dos Santos Jacinto, na VP de Gestão de Pessoas, e Fábio Lenza, em Negócios Emergentes. Os dois contam com o apoio da família Sarney (PMDB). Jacinto foi secretário do governo Roseana Sarney (PMDB), filha do ex-presidente José Sarney (PMDB), e é apontado por políticos do Maranhão como indicado do senador João Alberto (PMDB-MA), aliado da família – foi vice de Roseana em 2006 e depois eleito senador na chapa da peemedebista em 2010, junto com Edson Lobão (PMDB-MA).
Antonio Carlos Ferreira vai continuar como vice-presidente Corporativo, com o apoio do PRB, da bancada evangélica. Deusdina dos Reis Pereira será efetivada na VP de Fundos de Governo e Loterias, com a indicação do PR. Esse lugar já foi ocupado por Fábio Cleto, que fez delação premiada para denunciar esquema de corrupção no FI-FGTS, fundo de investimento que usa parte dos recursos do FGTS para aplicar em infraestrutura.
Responsável pela administração do FI-FGTS, a VP de Gestão de Ativos ficará com Flávio Eduardo Arakaki, nome técnico e com as qualificações exigidas para o cargo.
Ligados ao PP, também responsável pela indicação de Occhi para a presidência do banco, Nelson Antonio de Souza continuará com Habitação e José Henrique Marques da Cruz com Varejo e Atendimento.