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RETROSPECTIVA 2020: primeiro trimestre

Um ano que começa em um cenário de pandemia

Quando 2020 iniciou já haviam indicações sobre o possível caos sanitário da Covid-19, que ainda não havia chegado no Brasil. Apesar do alerta de outros países, o governo brasileiro ignorou o que poderia ser um grave problema e seguiu sem nenhuma medida preventiva. Antes mesmo de começar a pandemia, o país já enfrentava o aumento do desemprego, ampliação da informalidade, queda da renda da classe trabalhadora e uma recessão no setor industrial. O Brasil, depois de 50 anos, voltou a ser denunciado internacionalmente por violação de direitos humanos.

A confirmação de casos só a partir de março possibilitou a execução de atividades e ações presenciais do Sindicato nos primeiros meses do ano.

O Sindicato

Foto: Posse da diretoria no dia 1º de janeiro.

Em janeiro tomou posse a nova diretoria da entidade eleita em 2019 e, também neste mês, o SEEB/VCR completou 58 anos de luta pela categoria com um evento comemorativo na sede da entidade.

Um dos papéis do Sindicato é fiscalização do espaço de trabalho, no mês de fevereiro, em uma visita de rotina, diretores da entidade perceberam uma prática irregular de correspondentes bancários trabalhando dentro da agência e as medidas junto a gestão do banco foram tomadas.

Cumprindo seu papel de fortalecimento das lutas amplas da classe trabalhadora. O SEEB/VCR mais uma vez esteve na organização da Marcha das Mulheres em Conquista, um evento que tem cumprido um papel importante para buscar melhorar as condições de vida das mulheres na cidade. As mulheres ocuparam as ruas da cidade e os órgãos como Câmara de Vereadores, Prefeitura, DIREC e Banco do Nordeste para protocolar pautas de reivindicação. Para marcar o mês de luta das mulheres, o Sindicato também realizou uma palestra e coquetel na sede da entidade.

Foto: Marcha das Mulheres protocola pautas na Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista. SEEB/VCR esteve presente na atividade.

Fruto da articulação com outras categorias de trabalhadores, a diretoria também auxiliou o diálogo entre a gestão do BNB e os trabalhadores rurais sobre as demandas da região neste setor e o acesso crédito.

Antes dos primeiros registros de casos de Covid-19 em Conquista, o Sindicato ainda realizou uma rodada do Baba dos Bancários, com o objetivo de promover a prática de esporte entre a categoria.

Assim que a contaminação por coronavírus se tornou uma realidade nas cidades da base do SEEB/VCR, a entidade tomou medidas preventivas. A diretoria promoveu reuniões com os gestores dos bancos para discutir os passos necessários neste novo cenário. Além disso, acionou a justiça por meio de uma Ação Civil Pública para garantir a proteção da categoria. A distribuição do boletim informativo foi suspensa e as atividades presenciais na sede da entidade foram reorganizadas para continuar atendendo bancárias e bancários em segurança.

Foto: Direção do Sindicato se reúne com gestão dos bancos em Vitória da Conquista para discutir a questão da pandemia.

 

Os bancos

Foto: Sindicato interdita agência do Santander em Conquista.

O Santander começou o ano promovendo ataques contra a categoria com a suspensão de promoções e contratações. Se ancorando na aprovação da reforma da Previdência, o Banco do Brasil emitiu um comunicado interno informando a demissão sumária de todas e todos trabalhadores que tivessem dado entrada no pedido de aposentadoria após aprovação da reforma. Nos primeiros três meses do ano, o Santander apresentou diversas negativas nas mesas de negociação com seus funcionários. Piorando sua postura, em Conquista, por falta de condições adequadas ao ambiente de trabalho, a diretoria do Sindicato precisou interditar a agência do Santander em Conquista. O banco havia realizado uma reforma e ignorou o cheiro forte dos produtos químicos utilizados para manter o funcionamento regular.

Diante do projeto privatista do governo Bolsonaro e sua corja, os bancos públicos têm sido um dos principais alvos dessa política. A Caixa Econômica sofreu com mais uma reestruturação que resultou na extinção das funções de gerente Administrativo, gerentes de Clientes e Negócios II e III, e auxiliar de Atendimento, e também no fechamento da Superintendência Regional. Se somando ao movimento nacional da categoria, a diretoria do SEEB/VCR promoveu mobilizações locais em defesa do banco, com a realização de debate com a presença de Emanoel Souza, dirigente da Federação e bancário da CEF, e manifestações nas agências para dialogar com a população nas agências. A tentativa de aprofundar essa reestruturação foi barrada judicialmente pelo movimento Sindical.

 

Foto: Categoria bancária participou de debates sobre o projeto privatista do governo e promovei manifestações em defesa da CEF.

 

O Banco do Brasil também foi alvo de ataques que alteraram planos de carreira e remunerações. Situação que agravou as condições de trabalho na instituição. O aumento de casos de suicídio entre trabalhadores do BB tem sido gritante nos últimos anos. Também nesse período, por meio do programa Performa, o banco buscou aumentar a exploração a partir da intensificação de cobrança de metas incansáveis para obter premiação. A categoria se mobilizou contra e se uniu ao Dia Nacional de Luta em defesa do BB.

Foto: Bancários do BB também se mobilizaram contra a reestruturação do banco.

 

Ignorando a situação caótica enfrentada, o Banco do Nordeste não reconheceu o heroico trabalho de seus funcionários, que garantiram os serviços essenciais do banco durante a pandemia do coronavírus e impôs o pagamento de banco de horas, se ancorando na Medida Provisória 927, que entrou em vigor no mês de março. Apesar de anunciar uma nova jornada de trabalho, as trabalhadoras e trabalhadores acumulariam no banco de horas as duas horas que não seriam cumpridas devido a nova jornada.

Enquanto os trabalhadores tiveram salários reduzidos, os bancos, principalmente os privados, foram os primeiros a serem socorridos pelo governo Federal com a entrega de milhões de reais para o setor. Do outro lado da moeda, mesmo diante das tentativas de destruição dos bancos públicos, estes foram os principais responsáveis pela redução das taxas, suspensão do pagamento de dívidas e disponibilização de crédito para população nesta pandemia.

Nas negociações diante do cenário de pandemia, Itaú e Santander foram os primeiros bancos a se comprometerem a não demitir durante este período. Enquanto isso, o Bradesco fechou o primeiro trimestre demitindo dois bancários adoecidos na base do SEEB/VCR.

 

O desmonte do INSS

O início de 2020 também foi marcado pelo sucateamento do INSS, com o retorno das longas filas de atendimento e medidas absurdas, por parte do governo, como a tentativa de contratação de militares para suprir o déficit de servidores. Centrais Sindicais se mobilizaram para denunciar a falta de contratação.

 

O Brasil

Já no primeiro dia do ano foi extinta a multa adicional de 10% do FGTS para trabalhadores demitidos. Junto a isso, o governo federal reduziu o orçamento de 2020 do setor de fiscalização trabalhista de R$1,4 trilhão para apenas R$26 milhões. Achando pouco os primeiros ataques, o governo também alterou a regra de transição da reforma da Previdência, dificultando ainda mais o acesso ao benefício. Seguindo Jair Bolsonaro nos ataques aos servidores, o governo da Bahia pagou uma bonificação extra para os deputados votarem em janeiro a Reforma da Previdência Estadual, ignorando as denúncias sobre a gravidade desta medida.

O ano de 2020 também deu continuidade à queda dos homens do governo de Jair Bolsonaro. O primeiro do ano foi o ministro da Cultura que se inspirou na estética de um oficial nazista para produção de um vídeo institucional. Além disso, o chefe da secretaria de Comunicação Social da Presidência, Fabio Wajngarten, foi acusado de receber, por meio de uma empresa em que é sócio, dinheiro das emissoras de TVs e agências contratadas pelo governo federal. Mesmo após o escândalo ele foi apenas remanejado para um novo cargo criado no Ministério das Comunicações.

É inacreditável que em menos de dois meses do ano o governo tenha se afundado tanto no mangue. Para piorar a situação de sua gestão, Bolsonaro foi denunciado por envolvimento na convocação de mobilizações contra o Supremo Tribunal Federal. Escândalo que ficou marcado pelas suas características antidemocráticas e mais ainda pela falta de punição contra as figuras públicas envolvidas, como o presidente e familiares.

 

A pandemia

Os brasileiros estão tendo o desafio de encarar uma pandemia em um cenário de total desmonte da saúde pública. Em 2019, o setor deixou de receber 9 bilhões de reais em investimento. Sem contar o corte de verbas na pesquisa. Ainda assim, a universidade pública resiste e foi capaz de dar um passo importante, com o sequenciamento do vírus que foi obtido por pesquisadoras da Universidade de São Paulo.

Enquanto o presidente fazia chacota da pandemia, o vírus mostrou seu potencial de grande contaminação e morte. O primeiro caso confirmado de Covid na Bahia aconteceu na primeira semana de março e ainda na primeira quinzena do mês já tínhamos registrado as primeiras cidades com transmissão comunitária.

Assistimos ao circo dos horrores de vivermos sob o comando de um presidente que ignora a ciência e coloca a vida de milhares de brasileiros em risco. Nem mesmo o Ministro da Saúde teve suas orientações respeitadas. Bolsonaro foi contra o isolamento e interferiu no ministério para que apoiasse seus devaneios. Liberou as atividades em espaços religiosos, como serviço essencial, mesmo sendo avisado dos riscos de contágio em locais de grandes aglomerações. Gastou mais com publicidade contra o isolamento do que com prevenção. Foram gastos R$5mi em uma campanha institucional contra a quarentena.

Fotos: Com a pandemia as filas com grandes aglomerações viraram realidade nas agências bancárias.

 

Diante da forma acelerada de transmissão em nosso país, as entidades representativas da categoria bancária se articularam rapidamente em busca de medidas que fossem capazes de proteger a categoria bancária e a população que utiliza o serviço bancário. Ainda no mês de março foi estabelecido o Comitê de Crise e a partir disso as reuniões se tornaram constantes. Foram cobradas medidas como a distribuição de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, instalação de totens de álcool em gel, contingenciamento atendimento presencial, afastamento de trabalhadores do grupo de risco. No entanto, não foram efetivas as ações dos bancos, com o quadro reduzido de funcionários, por falta de contratação, desde então as longas filas em frente as agências passaram a ser parte do cenário das cidades.

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