O Santander fechou o semestre com lucro de R$ 3,466 bi, um crescimento de 4,8% em doze meses e de 8,8% do 1º para o 2º trimestre deste ano. Com um resultado tão expressivo, em meio à atual situação econômica, era de se esperar que a direção do banco espanhol valorizasse seus funcionários, responsáveis diretos pelo sucesso da instituição. Entretanto, este não é o caso. Após seis rodadas de negociação, de posse da pauta de reivindicações desde 12 de maio, o banco apresentou uma proposta para renovação do Acordo Aditivo sem atender nenhuma das demandas dos trabalhadores.
“É uma total falta de respeito. Bancários se deslocam de todo o Brasil para a mesa de negociação e o banco não apresenta qualquer avanço nas nossas reivindicações. O Brasil é responsável por 19% do lucro mundial do Santander, atrás apenas do Reino Unido. Os bancários brasileiros merecem mais respeito e valorização”, critica a diretora executiva do Sindicato e coordenadora da COE (Comissão de Organização dos Empregados), Maria Rosani.
Na sua última proposta para renovação do Acordo Aditivo, o Santander não aceitou a inclusão de nenhuma cláusula nova e os reajustes apresentados não repõem sequer a inflação. Sobre a PPRS (Programa Próprio de Remuneração Santander), o banco quer vincular a proposta ao índice de reajuste que vier a ser acordado pela categoria com a Fenaban.
“Enquanto o Santander propõe 5% para as bolsas de estudo, todas as faculdades reajustam suas mensalidades acima da inflação. Em relação à PPRS, não faz sentido vincular ao índice de reajuste geral da categoria. A PPRS tem relação direta com o valor lançado pelo banco no balanço a título de participação nos lucros. Sem falar que se recusam a parcelar o adiantamento de férias e não aceitam qualquer cláusula nova. Isso que eles apresentaram não pode nem ser chamado de proposta”, avalia Rosani.
“Esta recusa em atender as reivindicações é mais uma prova de que o Santander visa apenas o lucro a qualquer custo. Tal ganância parece sintetizar sua verdadeira missão e seus valores como empresa. Em doze meses, foram cortados 1.368 postos de trabalho. Destes, 1.265 somente nos três primeiros meses do ano. Por outro lado, a base de clientes cresceu 4,9% e a receita com tarifas 11,9% em doze meses. Se já não fosse o suficiente, o banco ainda cortou benefícios como o auxílio academia e o prêmio por tempo de casa. Enquanto isso, os altos executivos desfrutam dos seus bônus milionários”, acrescenta a dirigente.
Prêmio??? – Em 2016, o Santander foi agraciado pela organização Great Place to Work como uma das melhores multinacionais para se trabalhar na América Latina, a primeira entre as instituições financeiras.
“Nenhum funcionário vai falar mal da empresa em uma avaliação de clima. O que circula nos corredores do banco são comentários de bancários falando que, se o Santander é uma das melhores, não querem nem imaginar quais são as piores empresas para se trabalhar. Já que recebeu tal honraria, o banco poderia provar que de fato a merece valorizando seus funcionários com uma proposta decente para a renovação do Acordo Aditivo”, conclui Maria Rosani.
Fonte: Bancários de São Paulo