No encontro foi aprovado o direcionamento das lutas da categoria
Neste final de semana aconteceu a 23ª Conferência Nacional dos Bancários com a participação de 1.175 delegados e 131 convidados inscritos. O espaço teve como objetivo discutir o momento econômico e político que está sendo atravessado no país e organizar o plano de lutas da categoria bancária para o ano de 2022.
Historicamente a Conferência cumpre um papel essencial no fortalecimento da unidade entre bancárias e bancários em todo o país. A partir desse instrumento que tem sido possível apontar horizontes assertivos de defesa dos direitos e por melhores condições de trabalho.
Representando a base do Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região, Leonardo Viana, Giovania Souto, Paulo Barrocas, Carlos Alberto Gonçalves e Sarah Sodré estiveram presentes no encontro e contribuíram com os debates.
“Estamos vivenciando um momento de muitos ataques aos direitos da classe trabalhadora e da categoria, a exemplo dos recentes ataques que tinham como proposta retroceder na conquista da jornada de 6h. Para piorar, temos também colocado uma crise sanitária gerada pela pandemia da Covid-19, e em nosso país se arrastando da pior forma possível com um governo que ataca a ciência das mais diversas formas. Esse combo tem gerado uma realidade de trabalho ainda pior para categoria, como diretora de saúde do Sindicato é possível perceber o quanto as(os) nossas(os) colegas estão adoecendo para cumprir metas e atender uma demanda ainda maior”, aponta Giovania Souto, diretora do SEEB/VCR.
Durante a 23ª Conferência Nacional foram divulgadas duas pesquisas valiosas para entender a realidade bancária hoje. A primeira sobre teletrabalho e a segunda sobre as sequelas da Covid, promovida em parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp).
Sobre o teletrabalho, a pesquisa avaliou as condições de trabalho após mais de um ano de duração dessa modalidade. No levantamento foi possível constatar que os bancos ainda não cumprem totalmente o negociado para o serviço remoto, mas o teletrabalho foi fundamental para reduzir os riscos de contágio da Covid-19 nas agências. Foram coletadas respostas de 12.979 bancárias e bancários de todo o país. Na primeira pesquisa, realizada no ano passado, foram ouvidos 10.939 bancários e bancárias.
Sobre as sequelas da Covid-19 na categoria bancária, a pesquisa mapeou a saúde das(os) trabalhadoras(es) com a finalidade de subsidiar as negociações entre o Comando Nacional e os bancos. O primeiro dado que chama atenção foi o quantitativo de bancárias e bancários que precisaram ser hospitalizados ao contrair o coronavírus, 20% das(os) entrevistadas. A pesquisa ainda está em desenvolvimento, mas Mauro Salles, secretário de Saúde do Trabalhador da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), indica que é muito preocupante algumas informações sobre o descaso dos bancos, das respostas levantadas até agora, 31,2% das(os) bancárias(os) que responderam afirmam que o banco não lhe proveu assistência durante a infecção e 41,8% afirmaram que os bancos não disponibilizaram testes para Covid.
As delegadas e delegados presentes na conferência avaliaram e aprovaram o plano de lutas elaborado com 110 resoluções a partir dos debates. Entre os pontos destacados está a manutenção das negociações sobre teletrabalho com todos os bancos, o fortalecimento das negociações na mesa de saúde e a luta pela regulamentação do sistema financeiro.
Foi destacada também a adesão da categoria no grito dos excluídos, neste sete de setembro, com as bandeiras de luta em defesa dos bancos públicos, das empresas públicas e do serviço público, pela tributação dos super-ricos, por uma reforma tributária progressiva e com distribuição de renda e pelo Fora Bolsonaro.
“Mais uma vez concluímos esta etapa de organização da luta de nossa categoria com as energias renovadas. Construir um plano tático de ação e atividades depende de entender o cenário atual e a conferência cumpriu esse papel, onde discutimos não apenas as questões específicas da nossa categoria, mas também sobre as perspectivas para o Brasil. Muitos dos ataques que temos enfrentado vem justamente das escolhas políticas do presidente Jair Bolsonaro, que não tem escrúpulos para retirar os direitos dos trabalhadores em nome dos lucros. Hoje temos claro, que a luta das bancárias e bancários passa também pelo futuro que queremos para nosso país. Quando apontamos a importância de defender os bancos públicos e defender os direitos conquistados estamos falando de um projeto de país. Assim, com as resoluções aprovadas no encontro, saímos como uma categoria ainda mais forte e com o direcionamento de lutarmos também por um país mais justo”, avalia Leonardo Viana, presidente do SEEB/VCR.