Nesta edição conversamos com o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) na Bahia, Aurino Pedreira, sobre as perspectivas em relação ao próximo mandato da presidente Dilma Rousseff e como os trabalhadores devem se mobilizar.
O que a classe trabalhadora pode esperar com este novo mandato de Dilma? Qual o posicionamento da CTB diante da reeleição da presidente?Devemos continuar no processo mudancista que o Brasil precisa. Enfrentamos um debate importante, que foi a possibilidade de termos um retrocesso se, por ventura, a candidatura de Aécio Neves viesse à vitória. Seria um resgate do projeto neoliberal, com perspectiva de redução dos programas sociais e direitos dos trabalhadores. Em relação à Dilma, a expectativa é que a gente dê passos de inclusão social e redução da desigualdade social e regional. Poderemos continuar com a possibilidade de avançar nessas mudanças, mas sabemos que elas só ocorrerão se houver uma grande mobilização dos trabalhadores e da sociedade.
O fim do fator previdenciário foi um dos pontos de debate entre os presidenciáveis. Você acha que agora será possível um avanço nesta discussão?
Foi algo muito debatido na campanha eleitoral não só dos presidenciáveis, mas alguns deputados se elegeram com essa pauta. O nosso objetivo é, já a partir de 2015, colocarmos em discussão o fim do fator previdenciário, pois não podemos ter retrocesso nesse sentido. Nós precisamos pautar também questões que dizem respeito ao direito à aposentadoria, inclusive a desaposentação e a correção dos salários dos aposentados, fazendo com que o Congresso estabeleça leis que sejam mais justas para aqueles que ao longo do tempo estão ajudando no desenvolvimento do nosso país.
Você acha que o papel social dos bancos públicos está sendo colocado de lado?
Os bancos públicos ainda ajudam a financiar grandes projetos não só sociais, como financiam efetivamente o desenvolvimento econômico do país a partir dos investimentos que são feitos pelos órgãos públicos, cada um na sua especialidade, como o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. É lógico que temos condições concretas de fazer esse quadro avançar, principalmente do ponto de vista do respeito com seus trabalhadores, pois os funcionários dos bancos ainda são massacrados, o que é uma incoerência grande essa precarização do trabalho.
Com a continuidade do governo Dilma, como os trabalhadores devem se organizar na defesa pelos seus direitos?
Como eu falei anteriormente, sem mobilização popular e mobilização dos trabalhadores, não vai haver mudança no sentido de trazer ao debate as pautas trabalhistas e nem mesmo avançar em relação aos programas. Toda e qualquer mudança vai necessitar de mobilização. O papel nosso é, permanentemente, de estar junto aos trabalhadores, realizar grandes mobilizações, manifestações, greves, que tragam esse debate à tona.