Sindicato dos Bancários Sindicato dos Bancários
O Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região irá iniciar nessa segunda-feira (24), a campanha Pague Tudo Aqui, que tem como objetivo orientar os usuários do sistema financeiros sobre seus direitos de serem atendidos presencialmente nas agências bancárias e pelo fim das demissões e a contratação de mais bancários e bancárias.
Não é de hoje que as agências bancárias de todo o país estão sobrecarregadas, fazendo com que o trabalho bancário se torne ainda mais desgastante. Apesar dessa cena ter-se tornado comum no dia-a-dia, esse fato cotidiano tem um motivo ganancioso por parte dos banqueiros e, por isso, não deve ser naturalizado ou ignorado.
Os principais fatores para que a vida do consumidor e do trabalhador bancário fique mais complicada é o constante fechamento das agências bancárias em todo o país e o grande número de demissões ocorridas. Nos últimos dois anos, os grandes bancos fecharam 2.563 agências: das 17.920 mil agências em fevereiro de 2020, restaram apenas 15.357 em dezembro de 2022.
Toda essa situação que acontece nos bancos não tem relação com o lucro que só aumenta ao longo dos anos. Em 2022, os principais cinco bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Caixa Econômica e Santander) tiveram um lucro somado de R$ 106 bilhões. Esse valor corresponde a uma alta de 2,91% comparado a 2021, quando os valores atingiram R$ 103 bilhões.
Redução do Emprego Bancário
A diminuição das ofertas de emprego e o aumento dos desligamentos no sistema bancário é a principal causa da sobrecarga de trabalho e das doenças ocupacionais. Dados do DIEESE mostram que, nos últimos 12 anos, foram extintos 184 mil postos de trabalhos bancários, deixando o saldo de apenas 278 mil trabalhadores no setor bancário. Se compararmos com dados de 1990, onde a classe era representada por 826 mil trabalhadores, podemos perceber uma diminuição de 63% da categoria em 32 anos.
Essa diminuição não acontece só por conta do avanço tecnológico nas agências, muito pelo contrário, essa tecnologia deveria servir para trazer qualidade de vida ao trabalhador. A extinção, pouco a pouco, do emprego bancário ocorre pelo fato do banqueiro querer lucrar cada vez mais em cima de seu funcionário, fazendo com que ele se submeta a acumulo de funções, ao assédio moral na cobrança de metas inatingíveis, causando prejuízos para a saúde física e mental, fazendo com que a categoria adoeça cada vez mais.
Aumento nos casos de doenças ocupacionais
A categoria bancária vem sendo submetida a condições inadequadas de trabalho, principalmente, pela falta de trabalhadores para atender a todas as demandas que o serviço impõe diariamente, e o dados do INSS comprovam essa triste realidade. De 2012 a 2016, 89% de todos os acidentes reconhecidos pelo INSS para bancários e financiários eram transtornos mentais e Ler/Dort, sendo que 45% eram LER/Dort, 44% eram transtorno mentais e 11% eram outros acidentes. Entre 2017 a 2021, 90% dos acidentes reconhecidos foram também de LER/Dort e transtornos mentais (46% Ler/Dort, 44% transtornos Mentais e 10% outros acidentes).
Em nossa região, pelo sindicato, foram abertos 72 Comunicados de Acidente de Trabalho (CAT) em 2022. Sendo que desses, 69% dos filiados adoecidos são funcionários do Bradesco. O Bradesco também é campeão em demissões em nossa base, sendo que entre os anos de 2020 a 2021, cerca de 30 trabalhadores foram desligados de suas funções. Contudo, o Sindicato conseguiu provar a ilegalidade e reintegrar, por via administrativa ou jurídica, a maioria dos casos.
Clientes na agência mantém os postos de trabalho
Apesar da sobrecarga de trabalho e das condições inadequadas, é a frequência da clientela e o atendimento presencial nas agências que garante a continuidade dos postos de trabalho da categoria. É notório que o fechamento de agências e a diminuição da mão de obra está dificultando tanto a vida do bancário, quanto a do consumidor. A obstinação em expulsar os clientes dos atendimentos presenciais nas agências, com o único objetivo de demitir os trabalhadores e aumentar os lucros, tem prejudicado a todos. Um estudo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), mostra que o atendimento online não é tão eficaz quanto o esperado. A digitalização dos canais de atendimento e a incorporação de tecnologia por parte dos bancos ainda não foi capaz de refletir numa maior capacidade de resolução das reclamações dos consumidores.
A luta é pelo fim das demissões e por mais contratações!
A luta é para que mais bancários sejam contratados, para que o fluxo de clientes nas agências seja humanamente possível de se atender, pois só assim, será possível manter o emprego bancário com a dignidade que ele merece. Por isso, é importante primar pelo atendimento adequado aos clientes que necessitam utilizar os serviços bancários nas agências e nos postos de atendimento. Fundamental, porém, é intensificar a luta pela contratação de bancários e bancárias em número suficiente para atender dignamente a todos sem a sobrecarga de trabalho e as condições inadequadas que hoje a categoria vem passando.
