O VII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro reuniu, nos últimos dias 10 e 11, em Porto Alegre, bancárias e bancários de todo país discutiram pautas relevantes da luta por equidade e por oportunidades nos bancos.
O diretor de Raça e Etnia do Sindicato dos Bancários de Vitória da Conquista e Região, Carlos Augusto do Nascimento, representou a base no evento e nas discussões.
No primeiro painel, com o tema “Análise de conjuntura histórica das relações de trabalho e raciais no Brasil e suas consequências na vida da população negra”, teve apresentações do economista, professor e doutor em Economia pela Universidade de Sorbonne – França, Mário Theodoro e da advogada, mestra em Direito Político e Econômico pela Universidade Mackenzie e coordenadora do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Tamires Sampaio.
Já no segundo dia, os debates foram sobre a participação de negras e negros no mercado de trabalho e as políticas de combate ao racismo, com a mediação do diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, Guaracy Gonçalves, e da dirigente da Fetrafi-NE, Sandra Trajano.
O encontro abordou, fortemente, a valorização da entrada dos empregados negros e negras no sistema financeiro. Foi demonstrada a necessidade de projetos para o fortalecimento do ensino, como cursos específicos para concursos nos bancos públicos e o incentivo, por meio de Lei Federal, para a formação de quadros mínimos nas instituições privadas.
Outro tema debatido foi a criação de programas específicos de aceleração profissional. “Não basta ter formação para cumprimento de metas, é preciso que essas pessoas possam ascender a cargos onde não estão e nunca estiveram. A exemplo da Caixa Econômica, um banco criado como fundo de poupança para a libertação dos escravizados e que, até hoje, não teve um dirigente negro. Cabe ressaltar também o questionamento pela reformulação dos quadros de diretoria das entidades sindicais, de forma a reforçar as pautas identitárias”, afirmou Carlos Augusto.
O diretor do SEEB/VCR também considerou extremamente relevante a participação feminina no evento. “As mulheres negras que se apresentaram, compuseram as mesas mais interessantes e fizeram as colocações mais fortes, como a companheira Kelly Quirino, conselheira dos empregados do BB, e Nancy Andrade, da FEEB/BA-SE”, considerou.
Na oportunidade também ressaltado o planejamento para criação dos coletivos BB Black e Caixa Preta. “Foi um encontro com muitas interações positivas e proposições, onde foi criada uma carta com as propostas. A minha expectativa é que atividades como essa se multiplique, com a participação de mais colegas, de todas as etnias, pois este local de debate não pode ser limitado a quem sofre com a repressão e o preconceito. Essas ideias precisam tomar corpo para se tornarem realidade, pois o sofrimento de uns é o de todos, e a gente só cresce em conjunto”, concluiu.