Os bancos culparam a crise na mesa de negociação, para justificar a pior proposta que apresentaram aos trabalhadores nos últimos anos: reajuste de 5,5%, muito abaixo da inflação do período de 9,88% (INPC). Mas esqueceram de mencionar que, mesmo com o baixo desempenho da economia brasileira, eles vão muito bem: os cinco maiores (BB, Caixa, Itaú, Bradesco e Santander) alcançaram, juntos, resultado de R$ 36,3 bilhões apenas no primeiro semestre deste ano, crescimento de 27,3% em relação ao mesmo período do ano passado.
Outros setores da economia, que estão longe de ter lucros tão altos quanto os dos bancos – e em alguns casos apresentaram prejuízos -, pagaram aumento real aos seus funcionários, como mostra balanço das campanhas salariais do primeiro semestre, realizado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística de Estudos Socioeconômicos).
O Comércio, por exemplo, que registrou quedas no faturamento e nas vendas no primeiro semestre do ano, fechou 76% de seus acordos com ganhos reais (acima da inflação) para os trabalhadores. No setor de Serviços, que também sofreu perdas, os ganhos reais foram observados em 74% dos acordos. E a Indústria, outra área com recuos no desempenho, fechou 61% das campanhas com reajustes acima da inflação nos primeiros seis meses do ano.
O Dieese considerou 302 unidades de negociação, privadas e estatais. Desse total, 69% resultaram em reajustes acima da inflação, 17% foram iguais à inflação do período e somente 15% foram abaixo.
"Quase 70% das categorias tiveram ganhos reais no primeiro semestre. Se empresas que de fato sentem as consequências da crise estão pagando reajustes acima da inflação para seus funcionários, como é que a categoria bancária pode aceitar essa proposta, que é a pior dos últimos dez anos, de um setor que ganha cada vez mais, independentemente da crise. Nossa resposta é uma greve cada vez mais forte", avisa Juvandia Moreira, vice-presidenta da Contraf-CUT e presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
Fonte: Seeb SP