O presidente da França, Emmanuel Macron, desistiu de vez de aumentar o imposto sobre combustíveis. Após anunciar uma suspensão da medida por seis meses, o primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, disse nesta terça-feira (5) que o aumento não entraria no projeto orçamentário de 2019, informa o jornal “Le Figaro”.
Ainda segundo a imprensa francesa, Macron tomou a decisão após perceber que a primeira proposta não foi bem recebida pelos “coletes amarelos” – como ficaram conhecidos os manifestantes que tomaram a França nas últimas semanas em uma revolta geral contra o presidente.
Presidente da França, Emmanuel Macron, o ministro do Interior da França, Christophe Castaner, o secretário de Estado Laurent Nunez e responsável da polícia de Paris (Michel Delpuech) fazem visitas neste sábado (2), dia seguinte a uma manifestação em Paris — Foto: Thibault Camus/Reuters
“O presidente entendeu que a suspensão era considerada pelas pessoas uma ‘meia-medida”, disse ao “Figaro” um conselheiro próximo a Macron.
Os protestos, no entanto, continuam programados para os próximos dias, inclusive com greves planejadas por sindicatos. Não há indicação de que as manifestações se encerrem até o momento.
Trump ironizou suspensão do aumento
Emmanuel Macron e Donald Trump durante seus respectivos discursos na 73ª Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (25), em Nova York — Foto: Richard Drew/AP/Reprodução
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ironizou na terça-feira a suspensão temporária da decisão de aumentar o impostosobre os combustíveis anunciada pelo governo do presidente francês.
A medida foi avaliada por Trump como uma demonstração de que o Acordo de Paris sobre o clima está “equivocado”. Isso porque uma das justificativas de Macron para o aumento nos impostos é a necessidade de diminuir a emissão de poluentes dos combustíveis.
“Estou contente de que meu amigo Emmanuel Macron e os manifestantes de Paris tenham chegado a um acordo sobre algo que já sei há dois anos: o Acordo de Paris é fatalmente equivocado porque aumenta o preço da energia para os países com responsabilidade enquanto encobre os que mais contaminam”, declarou Trump no Twitter.
Os ‘coletes amarelos’
Imagem de 19 de novembro mostra manifestantes ‘coletes amarelos’ protestando na avenida Champs-Elysees, em Paris — Foto: Kamil Zihnioglu/AP Photo
O movimento que tem como símbolo o “colete amarelo”, que é item obrigatório para os veículos franceses, começou em 17 de novembro. A mobilização se espalhou rapidamente pelas redes sociais, e os protestos atingiram grandes cidades francesas causando grandes danos nos últimos três finais de semana.
O movimento ultrapassou as fronteiras da França. Uma centena de “coletes amarelos” belgas também se manifestaram na última sexta-feira (30) em Bruxelas
Caminhão é incendiado durante protesto dos coletes amarelos em Paris — Foto: Bertrand GUAY / AFP
No sábado (1º), houve confronto dos manifestantes com a polícia na Avenida Champs-Elysées, em Paris, que deixou 130 feridos e mais de 400 detidos. Cerca de 136 mil saíram às ruas naquele dia.
Os “coletes amarelos” continuaram as ações na segunda (3) em diversos pontos do país com bloqueios de rodovias, estradas e acessos a complexos petrolíferos.
Para o presidente Emmanuel Macron, o aumento dos impostos era necessário para combater a mudança climática e proteger o meio ambiente. Mas o movimento evoluiu para uma revolta geral contra Macron, que muitos criticam por implementar políticas que favoreceriam apenas os membros mais ricos da sociedade francesa.
Fonte: G1