Na comparação com o último trimestre de 2022, a desocupação aumento em 16 dos 27 estados; quase 40% da população ocupada trabalha na informalidade
A taxa de desocupação no Brasil foi de 8,8% no primeiro trimestre de 2023, representando 9,4 milhões de pessoas nessa condição. Segundo a PNAD Contínua Trimestral, divulgada nesta quinta-feira 18 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a desocupação aumentou 0,9% em comparação ao trimestre anterior (7,9%), encerrado no final de 2023.
Por outro lado, o índice caiu 2,4% em relação ao mesmo trimestre de 2022. O percentual registrado nos primeiros três meses de 2023 é o menor, desde 2015, para o primeiro trimestre.
A taxa de desocupação é um dos índices utilizados pelo IBGE para medir o montante de pessoas que não trabalham no país. Em resumo, ela se refere às pessoas com idade para trabalhar (acima dos 14 anos, por lei) e que não estão trabalhando, mas estão na busca por emprego.
O patamar real de pessoas sem trabalho é alcançado com inclusão de outras taxas, como a de desalento, por exemplo, que ficou em 3,5% no primeiro trimestre deste ano. Para o IBGE, são consideradas desalentadas as pessoas que estão sem emprego e não realizam – ou deixaram de realizar, por desalento – a busca por trabalho. Nos primeiros três meses de 2023, 3,9 milhões de pessoas estavam nessa condição.
Na comparação com o trimestre anterior, a taxa de desocupação cresceu em 16 das 27 unidades da Federação, segundo o IBGE, mantendo-se estável nas outras 11. Bahia (14,4%), Pernambuco (14,1%) e Amapá (12,2%) lideram a lista. No plano nacional, a desocupação no primeiro trimestre atingiu mais mulheres (10,8%) do que homens (7,2%).
Para Alessandra Brito, analista da pesquisa do IBGE, o aumento da desocupação no primeiro trimestre é um movimento comum no período, uma vez que muitos empregados são contratados de maneira temporária no final do ano. “Após um ano de 2022 de recuperação do mercado de trabalho pós-pandemia, em 2023, parece que o movimento sazonal de aumento da desocupação no começo do ano está voltando ao padrão da série histórica”, explicou.
A pesquisa revelou um número importante sobre a capacidade de retorno de pessoas ao mercado de trabalho, após perderem seus empregos: no primeiro trimestre de 2023, segundo o IBGE, 2,2 milhões de pessoas afirmaram que estavam procurando trabalho há, pelo menos, dois anos. O número, porém, sofreu uma queda de 35,3% em comparação com o primeiro trimestre do ano passado para essa categoria, quando 3,5 milhões de pessoas estavam nessa condição.
Outros três índices divulgados pelo IBGE ajudam a compreender de que maneira as mudanças na legislação trabalhista afetam a população ocupada. No setor privado brasileiro, no primeiro trimestre, 74,1% das pessoas empregadas trabalham com carteira assinada.
Por outro lado, a taxa de informalidade para o país ficou em 39% da população ocupada. As maiores taxas de informalidade foram registradas no Pará (59,6%), no Amazonas (57,2%) e no Maranhão (56,5%), enquanto as menores ficaram em Santa Catarina (26,1%), Distrito Federal (30,3%) e São Paulo (30,6%).
Além disso, segundo o IBGE, 25,8% da população ocupada do país estava trabalhando por conta própria, no primeiro trimestre de 2023.
Estudos recentes vêm apontando que esses trabalhadores gostariam, na maioria, de deixar essa condição, dada a instabilidade e ausência de segurança jurídica nas suas relações de trabalho.
Sobre a renda das pessoas que trabalham, o IBGE apontou que o rendimento médio real mensal habitual foi de 2.880 reais no primeiro trimestre de 2023. Houve, segundo o instituto, uma estabilidade frente ao registrado no último trimestre de 2022 (2.861 reais) e um crescimento perante o primeiro trimestre do ano passado (2.682 reais). Levando em consideração as regiões do país, a única que registrou aumento, na comparação com o último trimestre, foi o Nordeste (1.979 reais).
Fonte: Carta Capital