A Câmara dos Deputados pode votar nesta quarta-feira (02) a autorização do prosseguimento da denúncia de corrupção passiva feita pela Procuradoria Geral da República contra o presidente Michel Temer.
Para que a investigação prossiga, 342 deputados devem votar contra o parecer do relator, deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que recomenda a rejeição da denúncia. A acusação do Ministério Público contra Temer utiliza como base a delação premiada dos irmãos Joesley e Wesley Batista, executivos do grupo J&F, controladora da JBS.
Na tentativa de salvar a própria pele, Temer iniciou uma verdadeira sangria das verbas públicas através de emendas parlamentares. Entre os meses de junho e julho, logo após o acordo de delação premiada da J&F, o governo aumentou bastante o repasse para senadores e deputados, chegando a destinar R$ 4,1 bilhões. Para se ter noção da discrepância, antes da denúncia o governo federal havia concedido R$ 102,5 milhões. Um dos parlamentares mais beneficiados com as emendas foi justamente o relator do parecer, Paulo Abi-Ackel, que recebeu R$ 5,1 mi.
Tais ações demonstram a inconsistência do discurso de ajuste fiscal – que foi usado para sustentar a PEC do teto dos investimentos públicos, a reforma trabalhista e o projeto de reforma da Previdência -, já que a perspectiva é que o governo gaste R$17 bilhões com emendas parlamentares neste ano. “Nesse momento a população deve pressionar os deputados eleitos por cada região e mostrar indignação com a possível rejeição da denúncia, vez que só comprova a utilização das verbas públicas para manobras em votações parlamentares deixando de lado costumeiramente o bem estar e interesse da sociedade”, afirma Sarah Sodré, diretora de Assuntos Jurídicos.
Foto: Agência Brasil