O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de mais dois inquéritos sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os pedidos para investigar o deputado foram feitos pela Procuradoria Geral da República (PGR), mas tramitam em segredo de Justiça. A abertura dos inquéritos foi autorizada na sexta-feira, 22.
A defesa de Cunha não foi encontrada. O presidente da Câmara, porém, tem negado as acusações. Ele já tem uma ação penal aberta no STF, é alvo de uma denúncia já feita pela PGR e de um inquérito relativo à Lava-Jato, além de um pedido de afastamento do cargo apresentado em dezembro pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Os investigadores apostam em pressão política para que a Corte afaste o deputado de suas funções, mas interlocutores dos ministros do Supremo afirmam que há poucas chances de que o mandato do deputado seja interrompido antes de 2018, exceto com fato que justifique prisão em flagrante.
Na primeira denúncia, apresentada em agosto e recebida em março pelo Supremo, a PGR acusa Eduardo Cunha de ter recebido entre 2006 e 2010 US$ 5 milhões em propina desviada de contratos para a aquisição de dois navios-sonda pela Petrobras para operar no Golfo do México e na África.
Ele também teria orquestrado esquema para pressionar empresários a pagar propina por meio de requerimentos para prestar esclarecimentos em audiências na Câmara dos Deputados.
A segunda denúncia, apresentada em março pela PGR, acusa Cunha de ter recebido US$ 5 milhões de propina em contas na Suíça. O dinheiro teria sido desviado de contratos relativos a um campo de petróleo em Benin, na África, e os investigadores apontam crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas, além de falsidade eleitoral, uma vez que a quantia não foi declarada em sua prestação de contas à Justiça eleitoral.
O terceiro inquérito, aberto em março, trata de suposto recebimento de R$ 52 milhões de propina proveniente do Porto Maravilha, no Rio. Executivos da Carioca Engenharia, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Junior, acusaram Cunha em delação premiada. A defesa do presidente da Câmara nega todas as acusações.
Fonte: O Valor Econômico