Cassi, sua instabilidade financeira e a proposta do patrocinador Banco do Brasil.
A matéria está assim intitulada: “Lucro do Banco do Brasil soma R$ 3 bi no 1º trimestre, alta de 20,3% em um ano”.
O resultado publicado do Banco do Brasil, um banco estatal com mais de 200 anos e o maior responsável pelo fomento do agronegócio brasileiro, foi construído pelos seus empregados, seu corpo funcional de aproximadamente 112 mil bancários e bancárias. O esforço, a competência e o compromisso dessas pessoas garantem, exercício após exercício, que o BB se mantenha como uma das maiores e mais sólidas instituições financeiras do nosso país.
Em 30 de maio deste ano, essa mesma empresa entregou à diretoria do plano de saúde suplementar dos funcionários do Banco do Brasil, a nossa cara e honrosa Cassi, uma proposta para alterações na Arquitetura Organizacional e reequilíbrio econômico financeiro da entidade.
Após ler e reler a proposta, eu, que sou conselheira deliberativa da Cassi, me manifesto de maneira formal e pública, exatamente como versa minha disposição de publicar meus votos na governança da Cassi, exceto o que for de teor comercial ou de exposição desnecessária ou que crie vulnerabilidade:
Prezados colegas do Banco do Brasil, da ativa e aposentados, associados da nossa Caixa de Assistência, a proposta do banco é excelente, mas única e exclusivamente para ele, ou seja, ela é péssima para os associados e também para a Cassi. O banco conseguiu produzir uma segunda proposta pior que a primeira. Lendo item por item, vejo a mesma intenção, transferir a obrigação dele com o custo assistencial à saúde dos seus empregados para seus empregados. Além disso, propõe aumentar diretorias, afetando a gestão paritária, criando mais despesas para a nossa Cassi nesse momento financeiro delicado em que estamos, para garantir que o famigerado “mercado” entre na gestão. Somos contra essa proposta, somos contra a quebra do custeio por faixa de renda (solidariedade), nunca votaremos a favor de uma proposta que penalize quem ganha menos, que traga as contribuições para patamares muito próximos (banco 4,5% e 4% corpo social), ao mesmo tempo que retira o poder decisório desses que pagarão mais, ou seja, o banco quer que o custo da assistência à nossa saúde seja repassado para nós, ao mesmo tempo em que decidiremos menos os rumos e as premissas do nosso plano de saúde.
Como se não bastasse, o ilegítimo governo brasileiro publicou uma resolução que não tem força de lei, a CGPAR 23, para “recomendar” medidas aos planos de autogestão. Na verdade, ela vai quebrar o sistema de saúde suplementar brasileiro, esse regulado ostensivamente pela ANS, entretanto não regulado para hospitais, laboratórios, clínicas ou médicos.
Os direitos que o BB quer retirar para se adequar à resolução 23 da CGPAR estão garantidos pelo Estatuto da Cassi. Nesta conjuntura de ataques, o estatuto da Cassi é, para nós, uma garantia de direitos. Queremos regularizar a situação econômica e financeira da Cassi, mas é importante não deixar o terrorismo do BB nos afetar mais uma vez. Até lá, o banco deve fazer o aporte necessário para garantir a assistência à saúde dos associados e dependentes, pois não esquecemos que a foi a política salarial do banco que criou a sistêmica queda nas receitas da Cassi.
O corpo social precisa de representantes dos nossos direitos e interesses. Cada voto nosso repercute na vida de um milhão de pessoas e eu serei severa e vigilante com esse compromisso.
Quero lembrar a todos que, no artigo 41 do Estatuto da nossa Cassi, em seu parágrafo único, está estanque a responsabilidade e o poder que tem cada um dos conselheiros titulares naquele colegiado, “as decisões do Conselho Deliberativo são tomadas por maioria absoluta de seus membros (cinco votos)”.
Como diz a sabedoria popular, “para algo passar, alguém pulou para o outro lado para ajudar”.
Nesses momentos de discussão sobre a Cassi, volta na minha memória a frase final de uma das apresentações da diretora da Consultoria Accenture, “mediante o contrato registrado entre Banco do Brasil e Cassi, a legislação brasileira entende que o responsável final pela Cassi é o Banco do Brasil”.
Um grande abraço e seguiremos nossa luta.
Káren Simone D’Avila
Conselheira Deliberativa Titular